Sob nova direção
PSOL vai decidir se continua como PSó
Recém-eleita, presidente avisa que se oporá a alianças com partidos da base do Governo Federal ou do GDF
Daniel Cardozo
daniel.cardozo@jornaldebrasilia.com
.br
A mudança de comando no PSOL trouxe à tona uma nova discussão interna: fazer ou não fazer coligações com partidos maiores? A nova presidente regional, Juliana Selbach, e seu grupo são contra as alianças com legendas que possuem cargos dentro dos governos federal do DF, mas o martelo não foi batido e do e o quadro ainda pode mudar.
do outro lado, o ex-presidente Toninho Andrade defende que é necessário abrir o leque para poder chegar ao poder.
MARGEM APERTADA
No último fim de semana, o partido elegeu a jovem presidente por uma margem apertada de votos, 61 a 59. Ela tem 29 anos e pertence à chapa Bloco de Esquerda, mais radical, e que apoia a candidatura da ex-deputada federal Luciana Genro à Presidência da República. Após a vitória, a presidente já anunciou que Toninho deve mesmo ser o nome para disputar o Buriti, mas é contrária a se unir a PSB e PDT, partidos que já vinham se articulando junto ao PSOL local. “As pessoas reclamaram, nas manifestações, dessa maneira de fazer política. Então, queremos dar a resposta e não nos agrada a ideia de fazer aliança com quem tem cargos no governo. Nossa leitura é que a candidatura de Toninho em 2010 teve sucesso porque conseguiu levar programa do PSOL às pessoas. Defendemos, inclusive que podemos ter resultado melhor no ano que vem se mantivermos nossa posição”, afirmou Juliana. A dirigente admite que o assunto será discutido nas esferas local e nacional e que ainda pode have mudança.
BEM NAS PESQUISAS
Segundo o pré-candidato do PSOL, ele tem sido bem cotado em pesquisas e as pessoas o dizem que, caso queira melhores resultados nas eleições, é necessário expandir as alianças. “Tenho aparecido ora em segundo, ora em quarto. Para que a gente possa fazer uma disputa, não em pé de igualdade, temos de ser mais flexíveis e podemos nos aliar com essoas de outros partidos, mas que sejam figuras éticas e que tenham se distanciado de Agnelo e Dilma”, defendeu. O grupo político de Toninho apoia a candidatura do senador amapaense Randolfe Rodrigues ao Planalto e, para que isso aconteça, coligações com outros partidos. “Teremos muito tempo para fazer debates. Nosso grupo, a Ação Popular Socialista, está confiante. A derrota nos deu muito gás, para podermos mobilizar a base”, diz Toninho
PERFIL
Juliana Selbach
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Idade:
29 anos
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Função:
Presidente regional do PSOL no DF
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Profissão:
Bancária
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Atuação política: Iniciou a participação em movimentos populares no Rio Grande do Sul, pela Pastoral da Juventude e mora em Brasília desde 2011. Candidatou-se à presidência do Sindicato dos Bancários, mas acabou derrotada, com 37% dos votos. Participou da fundação do PSOL, em 2004.
Canditatura do partido pode ter sido no resultado da eleição do Distrito Federal
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Toninho Andrade há pouco tempo admitia que seu objetivo era coligar-se, embora apenas com partidos como PCB e PSTU, formando uma coligação de es querda.
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No entanto, o ex-presidente do PSOL acabou travando diálogo com lideranças do PDT e do PSB, como o deputado federal Reguffe e o senador Rodrigo Rollemberg, pré-candidatos ao Buriti.
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Nas últimas eleições, Toninho teve 14,2% dos votos, com grande crescimento na reta final da campanha, diante das incertezas sobre os primeiros colocados, Agnelo Queiroz e Weslian Roriz.
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Ele pode ter sido responsável pelo segundo turno e, por querer alçar vôos maiores, tem o interesse de formar coligações com partidos maiores e assim ter mais chances de vitória.
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Já o grupo político da nova presidente acredita que o mesmo caminho deve ser tomado, sem interferências de legendas que possuem cargos no governo.
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O debate pode ser decisivo para o quadro político do Distrito Federal, já que o PSOL pode se unir com outras forças e desequilibrar a eleição, dependendo da formação da chapa.
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As discussões não devem parar no plano local, uma vez que ainda será decidido qual será o candidato do PSOL à Presidência da República, Randolfe Rodrigues ou Luciana Genro.
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Partiu do senador brasiliense Cristovam Buarque a primeira recomendação ao PSOL para que deixasse o isolamento e aceitasse coligar-se, “deixando de vez de ser chamado de PSó”.
Fonte