Novas frotas de ônibus, problemas antigos
Os elevadores são o centro das reclamações, além das câmeras de vigilância
Foto: ROBERVAL EDUÃO
As frotas que atendem o Distrito Federal vem sendo renovadas desde o governo anterior, mas a infraestrutura dos ônibus ainda registra problemas diariamente. Os elevadores e TV's são constantemente danificados e a segurança, quanto a guarnição do capital no interior dos coletivos, além das câmeras de monitoramento, são que uma incógnita para os passageiros e até para alguns funcionários das empresas.
Todos os dias, os cadeirantes passam por problemas para utilizar o transporte público do DF em função da falta acessibilidade na maior parte dos carros. Poucos são os elevadores que funcionam e nem todos apresentam adaptações adequadas. Além disso, usuários reclamam da falta de treinamento dos motoristas e cobradores para manusear o equipamento. Em outubro do ano passado, uma empresa com apenas dez dias operando no DF foi alvo de críticas devido a problemas no dos elevadores de alguns dos 87 ônibus que ainda circulam nas cidades. Na época, o DFTrans alegou que todos os ônibus foram vistoriados e fiscalizados antes de entrar em circulação. Mas os problemas ainda persistem.
Francisca Fernandes, de 46 anos, é cadeirante e enfrenta dificuldades todas as vezes que tenta embarcar nos coletivos. “Esses elevadores dão muito defeito. Em alguns casos, dependendo do motorista, eles me pegam e me colocam no ônibus. Outros, param para avisar que está com defeitos, mas não se disponibilizam para me colocar dentro do ônibus”, relata.
A voluntária de uma organização sem fins lucrativos voltada à acessibilidade desabafa ao retratar o comportamento de algumas pessoas com os cadeirantes. “Vejo a falta de respeito dos motoristas pelo passe livre. Por exemplo, quando o elevador está estragado, nem o motorista e nem o cobrador se disponibilizam a ajudar. Mas a maior culpa são dos seus superiores, pois eles são obrigados a cumprir o horário e podem até levar advertência se chegarem atrasados nos destinos indicados”, pondera Francisca.
Um cobrador que prefere não se identificar confirma os problemas. “Eu perdi as contas de quantas vezes esse elevador já deu problema. Teve muitas vezes que o deficiente deixou de entrar porque esse elevador não prestou. Os demais passageiros descem e pisam na base, por isso plataforma empena”, declarou. “Várias vezes os cadeirantes não pegam o ônibus, porque, também, essa porta do meio só vive com defeito.”, acrescentou.
Além dos elevadores, os cadeirantes reclamam dos cintos de segurança que, segundo eles, não funcionam e ainda falta adaptação adequada. “O cinto de segurança, muitas das vezes, não dá nenhuma segurança. Ele não é adequado, porque machuca o tórax”, conta Fernandes.
Itens de segurança
Outro problema relatado é em relação às TV's que, frequentemente, estão inoperantes. As câmeras de segurança, ao contrário da iniciativa que se baseia em registrar o movimento no interior dos ônibus, estão quase sempre desligadas. “As câmeras não funcionam. Estamos totalmente vulneráveis”, diz o cobrador.
No intuito de inibir a ação de assaltantes, além das câmeras, foram criados os cofres de segurança para evitar que os criminosos levem grandes valores. Mas, de acordo com alguns rodoviários, a iniciativa não passa de uma incógnita quanto ao uso. “Cofre? Que cofre? Ele nunca funcionou, só sei onde fica”, relata o funcionário.
Em nota, a assessoria das empresas de transporte do DF afirma que todos os elevadores estão em funcionamento, mas existem problemas pontuais, porém, todos são resolvidos imediatamente. “Temos frotas novas há muito tempo em funcionamento, todos os problemas que acontecem são atendidos individualmente e são todos imediatamente solucionados”, diz. “Está havendo as manutenções. Os nossos carros estão com manutenções diárias e em toda a nossa frota fazem todas as revisões programadas, além de todas as revisões de fábrica”, acrescentou.
A Secretaria de Mobilidade declarou que, entre os dias 29 de junho e 3 de julho, a Subsecretaria de Fiscalização, Auditoria e Controle da Secretaria de Mobilidade (SUFISA) realizou a operação Hefesto, na qual são avaliadas as condições de acessibilidade no sistema de transporte do DF. No ato foram, feitas operações de fiscalização, compostas por vistorias, acompanhamento e orientação dos trabalhos, em todas as empresas concessionárias de ônibus do STPC. “Na ocasião, a secretaria retirou, temporariamente, de circulação 62 ônibus de empresas de transporte público de Brasília por não constarem cumprimento as regras de acessibilidade.”. Durante a ação, foram vistoriados 1.052 veículos e atuados 118. “A SUFISA faz ações de fiscalização a cada seis meses. O veículo é recolhido até que a empresa sane o problema. E a acessibilidade está entre as condições verificadas pelos auditores”, garantiu.
O órgão declarou que a manutenção dos equipamentos obrigatórios é feita pelas empresas, que devem manter o veículos em condição para o pleno atendimento aos usuários. Caso haja o descumprimento das manutenções, a Secretaria alega que são aplicadas as devidas punições. “Também lavrado o auto de infração correspondente à tipificação definida no Código Disciplinar Unificado do STPC. A multa é de R$ 270 reais e R$540 em caso de reincidência”, constatou.
Quanto ao funcionamento das TV's, o sindicato conta que cada empresa tem um sistema, mas pode acontecer que algumas fiquem fora do ar por um tempo.
Em relação ao funcionamento dos cofres de segurança, o sindicato alegou que não iria tratar sobre o assunto, pois o sistema de segurança é sigiloso.
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