JK a caminho de transformar-se em aeroporto inteligente
07/06/2013 | Notícia | Revista de Tecnologia Aeroportuária - Abril 2013
O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek é uma frente ampla de obras nos espaços internos e externos, que avança sem causar desconforto entre usuários. Elas seguem caminhos planejados para transformá-lo, completamente automatizado, num aeroporto inteligente
Os prazos são rígidos. A Concessionária Inframérica, formada pela Infravix Empreendimentos, do Grupo Engevix, e pela Corporaciõn América SA., empresa argentina com experiência em concessões aeroportuárias, está correndo para entregar, até 30 de maio de 2014, um conjunto de obras em que são investidos R$ 750 milhões, com prioridade para a construção de 28 pontes de embarque.
As obras, sob a responsabilidade do consórcio construtor Helvix, constituído pelas empresas Engevix Engenharia e Helport S.A. (Argentina), estão por todos os lados do aeroporto, incluindo as áreas internas, mas seguindo um cuidadoso planejamento a fim de que as operações normais do terminal não sejam afetadas. Esta é a maior intervenção em andamento no Aeroporto de Brasília, que está em funcionamento há 45 anos e já passou por obras de ampliação, a maior delas no começo dos anos 1990, com projeto do arquiteto Sérgio Roberto Parada.
O aeroporto, um dos mais importantes centros operacionais da aviação brasileira, tem capacidade atual para operar com 16 milhões de passageiros/ano. A intervenção tem em vista aumentar essa capacidade para 20 milhões. Para tanto, a série de obras de ampliação e outras melhorias vão significar investimentos da ordem de R$ 2,8 bilhões, ao longo dos próximos 25 anos.
O JK preserva características funcionais peculiares. Pode ser identificado como um hub da aviação brasileira. E ponto de transferência de voos do Norte para o Sul, concentra 40% da demanda de voos de conexão e é área de convergência de políticos e empresários, que ali se cruzam, chegando ou saindo, mas necessitando do conforto que o ambiente aeroportuário deve proporcionar.
Hoje, as obras em curso têm em vista o atendimento daquela expectativa; assegurar as operações com aumento futuro da demanda e fornecer as condições para que parte dos voos internacionais, que atualmente saem de Guarulhos e do Tom Jobim (Galeão), seja operada também de Brasília. As obras, portanto, devem considerar não apenas o aumento de voos previstos em razão de eventos como a Copa do Mundo do ano que vem, mas também o crescimento motivado pelo impacto das diversas atividades do país em todos os segmentos de sua infraestrutura.
O engenheiro Mario Jorge Moreira, gerente de obras do consórcio construtor, contratado pela concessionária para realizar a ampliação, diz que está é a primeira vez que o aeroporto é objeto de intervenção desse tipo. Um contingente da ordem de 700 trabalhadores está distribuído nas diversas frentes de serviços - que ele prefere chamar de "frente ampla de trabalho" - executando mais duas áreas de embarque e desembarque - os píeres Norte e Sul - com 260 m de comprimento e largura variável entre 25 m e 43 m, constituídos por andar térreo, entrepisos e cobertura metálica; pontes e núcleos de pontes (hoje há apenas 13 pontes de embarque; até a Copa do Mundo deverá haver 28 em funcionamento); a ligação entre as novas estruturas dos fingers e os núcleos das pontes, realizada com estruturas reticuladas metálicas formadas com seções tubulares, laje steel deck e coberta também metálica; e ampliação da capacidade do estacionamento, que deverá abrigar 3 mil vagas em Área de 103 mil m²; e outras numerosas obras de engenharia, que incluem até a construção de viaduto para a passagem de aviões de grande porte sobre acesso rodoviário, além da instalação de sofisticados equipamentos de controle e segurança para as operações aeroportuárias.
A frente ampla das obras
O engenheiro Mario Jorge Moreira, veterano em obras de aeroportos, reconhece que a maior dificuldade é a logística. "Não temos o aeroporto liberado para esses serviços. Ele tem que continuar operando. Em hipótese alguma podemos pensar em reduzir a capacidade atual de atendimento. E os usuários não podem sentir o desconforto que as obras internas podem provocar. Temos obras internas e externas, com trabalhadores que as vezes precisam passar pelas áreas internas."
Por conta dessa dificuldade - fazer obras complexas com o aeroporto em movimento - os serviços avançam numa área para, gradativamente, permitir a transferência das operações de voos para outras. "Assim, na medida do possível" - diz o engenheiro - "vamos deslocando as posições de estacionamento de aeronaves e reduzindo o impacto do desconforto. No conjunto, estamos construindo cerca de 200 mil m2 de pátios de aeronaves e 20 mil m² de áreas de acréscimo".
A "frente ampla" de obras reúne, na prática, a maior parte das modalidades da engenharia: fundações profundas, estruturas pré-moldadas e estruturas moldadas in loco; construção de pavimentos rígido e flexível e de obra de arte. Nesse caso sobressai a execução de um viaduto para a passagem de aeronaves, a exemplo dos dois viadutos construídos no Galeão, no Rio de Janeiro.
As peças pré-moldadas estão sendo fornecidas pela empresa Cassol, que montou uma fábrica no canteiro de obras, no aeroporto, e conta com o apoio de outras duas fábricas, uma em Curitiba (PR) e outra em São Paulo (SP). As peças - pilares, vigas e lajes - destinam-se aos píeres Norte e Sul. Só o píer Sul deverá empregar 116 pilares, 265 vigas e 937 lajes, num total de 1.318 peças. Esses elementos pré-moldados resultam de projeto estrutural elaborado pela Engevix, com detalhamento da fabricante. Já as peças metálicas foram contratadas no mercado de Brasília. A empresa CPC, com sede no Distrito Federal, está fornecendo os elementos metálicos para a estrutura da cobertura dos píeres.
O viaduto do aeroporto de Brasília resulta de um projeto da Infraero, com adequação estrutural de responsabilidade da concessionária Inframérica e execução pela Helvix.
Foi projetado para a carga de um avião A 380 e largura para categoria e da aviação civil, com envergadura da ordem de 60 m de asa.
As fundações dos píeres foram feitas com estacas profundas e estacas-hélice. Isto, por causa da natureza do solo de Brasília, invariavelmente colapsível e cuja resistência só é encontrada a partir dos 20 m de profundidade. É um tipo de solo poroso e de baixa densidade.
Aeroporto inteligente
Segundo o cronograma, a concessionária quer entregar, até 30 de maio de 2014, as 28 pontes de embarque em pleno funcionamento. Depois, dará continuidade às obras previstas para ser entregues no período de 2014 a 2016, e que compreendem a ampliação da área do terminal de passageiros, construção dos espaços de pátios e outros serviços, incluindo novo terminal de carga aérea.
A ideia da concessionária é dotar o aeroporto brasiliense de um polo de carga, com um terminal próprio, dotado de todas as condições operacionais, a exemplo dos mais completos terminais do gênero do mundo.
As obras aeroportuárias agregarão outros valores, além daqueles proporcionados pela engenharia convencional. For isso, a concessionária está adquirindo da empresa holandesa Vanderlande um sistema avançado de bagagem segundo o qual o operador não necessita de manipular as bagagens. Pelo sistema, em cada bagagem é aplicado um código de barra com o qual ela circula monitorada eletronicamente; passa pelo sistema de raio X, segue até o porão do avião com a maior segurança para a aeronave e para os passageiros e, de lá, sai igualmente monitorada, até ser colocada nas mãos dos passageiros, seguindo por um sistema de carrossel inclinado.
A automação se distribui por todas as aéreas operacionais, desde o controle de acesso até o controle de energia e do ar-condicionado.
E, para facilitar o deslocamento dos passageiros, haverá tapetes rolantes ao longo das áreas de embarque e desembarque. A concepção arquitetônica, que previu um terminal central, com dois braços de acesso, facilita o planejamento das operações e a distribuição dos passageiros e dos voos. A engenharia dá suporte ao desenho arquitetônico e a tecnologia garante a facilidade e conforto aos usuários.
O engenheiro Mario Jorge Moreira conclui: "Estamos fazendo uma obra dentro de um aeroporto extremamente saturado, com muitos voos e demanda altíssima de passageiros, mas com a convicção de que as técnicas modernas da engenharia estão superando essas dificuldades. Ao final desse trabalho vamos entregar aos usuários - e ao País - um modelo de aeroporto inteligente".
Ficha Técnica
Aeroporto de Brasília
Concessionária: Inframérica
Projeto: Engevix Engenharia
Construção: Consórcio Construtor Helvix
Peças pré-moldadas: Cassol Pré-Fabricados
Estrutura Metálica: CPC Estruturas Metálicas
Dados técnicos
Área total (sítio aeroportuário) atual: 28.995 - 153 m²
Área de pátio: 178.799 m² (área em 2013/2014: 234,400 m²)
Área de pista: 3.200 m x 45 m e 3.300 m x 45 m
Terminal de passageiros 1 atual: 60.000 m² - para 2013/2014: 84.000 m²
Terminal de passageiros 2 atual: 2200 m² - para 2013/2014: 3.000 m²
Capacidade atual (passageiro): 16.000.000 - para 2013/2014: 20.000.000
Balcões de check-in atual: 71 - para 2013/2014: 86
Posições de aeronaves atual: 40 - para 2013/2014: 61
Pontes de embarque atual: 13 - para 2013/2018: 28
Fonte