Articulações no DF ainda em cima do muro
O desembarque do PSD no GDF ainda é incerto. Ao final de 2012, o partido flertava com o Palácio Buriti, mas, segundo o presidente regional da sigla, Rogério Rosso, nada mudou. “Minha boa relação com o governador Agnelo não significa nada. O PSD foi o primeiro partido a adotar a posição de independência no DF e continua assim”, afirmou.
Segundo Rosso, neste ano o partido tomará posições. O presidente nacional Gilberto Kassab começou uma série de reuniões em cada unidade da Federação. No DF, a conversa será em fevereiro.
Para garantir vigor eleitoral em 2014, o partido deve ampliar o quadro de zonais neste ano. Atualmente, a legenda possui zonais em seis regiões administrativas: Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia, Lago Norte, Brazlândia e Samambaia. Até o fim do ano, a meta é ter representações para se aproximar mais da população e filiados em todas as regiões administrativas do DF.
“O PSD foi fundado em 2011. Em 2012, nós estruturamos o partido e centramos esforços nas eleições da Região Metropolitana. Em 2013, nossas preocupações são com a formação do programa partidário e com a filiação de lideranças para termos candidatos nas eleições”, disse.
Pelos bastidores, observa-se que o governo está dividido quanto à adesão do PSD. Comenta-se que parte do governo, incluindo o próprio governador, considera positiva a entrada do partido, que poderia repor as perdas de outros partidos, como PSB e PDT. Especula-se até que o PSD ficaria com a Secretaria do Entorno.
Outras frentes do GDF avaliam que o peso político do PSD não é equivalente ao PDT ou PSB e que o ingresso da sigla poderia inviabilizar o resgate das boas relações com estes partidos.
Ameaça de deixar o partido
A atual composição do PSD local tem estreitos laços com a cúpula nacional. No entanto, outros fatores pesam na adesão. “Eu não tenho dificuldade nenhuma com o Agnelo. Mas é claro que outros participantes do partido têm uma enorme dificuldade não só com a Agnelo, mas com o governo”, analisou Rosso, referindo-se às deputadas distritais Liliane Roriz, Celina Leão e Eliana Pedrosa.
Em diferentes ocasiões, as três deram sinais concretos de que podem abandonar a sigla caso ela parta para a coligação governista.
Liliane Roriz espera que o partido continue garantindo a liberdade individual para cada filiado. "Ajudei a fundar o PSD com esse formato de defender os interesses da população acima de qualquer coisa", explicou. Ela diz que se a sigla decidir apoiar o governo Agnelo estará indo contra as vontades do povo.
Liliane Roriz afirmou que respeitará a decisão dos colegas de legenda, caso decidam migrar para a base. "Minha oposição ao PT está na genética. Teria que procurar um partido que aceitasse essa minha característica", declarou.
Do lado do GDF, outro fator tem que ser considerado: a rusga entre Rosso e o vice-governador Tadeu Filippelli. “Espero que minhas diferenças com Tadeu tenham ficado em 2012. Em 2013, espero que tenhamos um novo tempo”, acenou Rosso. Enquanto a bandeira branca está posta de um lado, longe dos holofotes comenta-se que o mesmo tipo de aceno ainda não pode ser observado do outro lado desta questão.
Conheça o posicionamento do PSD em relação aos grandes temas:
1. Transportes: A sigla avalia que a solução do caos no trânsito passa por fortes investimentos em transportes de massa. Nesse sentido, o partido aposta fichas em projetos nos moldes do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), do Veículo Leve sobre Pneus (VLP) e na expansão do metrô.
2. Saúde: O modelo atual de saúde pública encontra-se falido, aos olhos do partido. Para a legenda, a gestão pública deve elaborar um novo modelo de atendimento às demandas da população, levando em consideração o DF e a Região Metropolitana. Uma estratégia seria uma nova composição da rede com o apoio de parcerias público-privadas (PPPs).
3. Região Metropolitana: É uma das principais bandeiras do partido. A legenda considera necessária uma nova articulação entre Governo Federal, GDF e os governos de Goiás e Minas Gerais, no sentindo de pactuar novas formas de atendimentos aos desafios da região. Entre as fileiras, do partido também é presente o pensamento de que a Região Metropolitana não é problema para o DF, mas sim a possível solução de diversos problemas da capital. Uma vez que a região seja equilibrada, poderá render empregos e pólos econômicos de desenvolvimento.
4. Segurança: O partido avalia que já é tempo de o GDF buscar a autonomia para a negociação salarial dos servidores da área. Hoje, qualquer aumento, benefício ou mesmo abertura de concurso público para policiais civis, militares ou membros do Corpo de Bombeiros precisa passar pelo crivo do Governo Federal. Por outro lado, a legenda considera necessário a construção de um mecanismo jurídico que permita aos órgãos de segurança do DF atuar na Região Metropolitana, uma vez que um grande número de criminosos do DF tem domicílio ou base de operações nos municípios vizinhos ao DF.
5. Educação: O partido considera que o DF ainda é carente de instituições de ensino superior públicas. Uma proposta seria a criação de um centro estadual, que poderia usar as estruturas das escolas públicas no horário noturno, nas unidades que não tivessem turnos neste horário. Professores da rede pública poderiam ser incentivados a ministrar as aulas por meio de complementação salarial.
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