Efeito nos investimentos
Caso Petrobras leva empresário argentino a buscar novo sócio no Brasil
Marina Guimarães
Especial para Clarín em Português
O presidente do grupo Corporación América, Eduardo Eurnekian, disse ao Clarín em Português que decidiu buscar um novo sócio brasileiro para substituir o atual parceiro, a construtora Engevix, no consórcio Inframerica. O aeroporto de Brasília é um dos investimentos de Eurnekian no Brasil.
Buenos Aires, 12 de fevereiro de 2015
“Quero ter um novo sócio brasileiro porque não se pode falar em integração e de instalar-se em um país se não tiver um sócio nacional”, disse o empresário, deixando claro que manterá parcerias com grupos brasileiros e não estrangeiros.
Em entrevista exclusiva ao Clarín em Português, Eurnekian informou que o estado da Engevix, envolvida no escândalo da Operação Lava-jato, complicou-se e o melhor que a construtora tem a fazer é vender sua parte da sociedade.
“Devido à situação, Engevix deve reduzir sua exposição”, opinou Eurnekian.
Segundo ele, a Corporación América já tem três candidatos para comprar a participação da Engevix no consórcio Inframerica, responsável pela construção e operação dos aeroportos de Natal (RN) e Brasília (DF).
“Estamos conversando com um fundo de investimento, um banco e um empresário do setor de logística”, revelou.
Esta foi a primeira confirmação oficial de que a Engevix vai mesmo abandonar o consórcio formado com a empresa argentina.
Os boatos sobre a saída da Engevix começaram após as denúncias de envolvimento da construtora com o escândalo que investiga o pagamento de propinas e desvio de recursos da Petrobras.
O futuro sócio da Corporación America no Inframerica vai entrar no aeroporto que já é o segundo maior do Brasil. Com 18,14 milhões de passageiros, um crescimento de 10%, em 2014, Brasília passou Congonhas (SP) e Galeão (RJ) e caminha em direção a ser hub para distribuir vôos ao Peru, Bolívia e Equador.
Investimentos
Eunekian, dono de uma das maiores fortunas da Argentina, segundo a revista Forbes, algo em torno de US$ 2 bilhões, afirmou que seus planos de investimentos no Brasil se mantém firmes, apesar do menor crescimento da economia brasileira.
“O Brasil é um grande país e está ajustando sua economia à realidade. A própria desvalorização do real é um ajuste a esta realidade porque o país não pode pretender um valor do real como estava antes”, opinou.
Nas próximas semanas, o grupo deve inaugurar a primeira etapa da construção e instalação da fábrica Unitec, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). “Nesta etapa será inaugurada uma parte do edifício de administração e comercial da fábrica. Logo, em junho, deverão chegar as máquinas importadas da França, para que a produção comece a partir de agosto”, detalhou.
Nanotecnologia
Com um investimento total de US$ 1,1 bilhão, a Unitec é pioneira no país na fabricação de semicondutores e todo seu maquinário é importado. São cerca de 260 máquinas e equipamentos de alta tecnologia. Eurnekian entrou no negócio no ano passado, quando comprou a participação de 33% do empresário Eike Batista na sociedade, cujos principais sócios são o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com 33,02%, e IBM (18,8%).
Túnel
O empresário disse que a próxima parceria que ele quer buscar com sócios brasileiros é para a construção do corredor bioceânico. “O Brasil e a região têm a obrigação de expandir suas economias e o túnel é o que vai facilitar essa expansão”, afirmou Eurnekian.
O projeto denominado corredor bioceânico Aconcagua demanda investimentos de US$ 3 bilhões e consiste em construir um túnel de 52 quilômetros para vencer a barreira entre o Atlântico e o Pacífico imposta pela Cordilheira dos Andes com seus 7.200 quilômetros de longitude e 4.400 metros médios de altura.
O túnel é proposto como a saída eficiente da produção sul-americana ao oceano Pacífico para conquistar novos mercados.
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