Uma em quatro crianças de 8 anos no DF não sabe escrever, diz MEC
Avaliação foi divulgada nesta quinta; metade não sabe fazer contas básicas Dados foram coletados em 2014; para GDF, resultado é dito 'satisfatório'.
Uma em cada quatro crianças que concluíram a alfabetização na rede pública do Distrito Federal em 2014 não consegue escrever um texto básico, e metade delas não sabe resolver problemas elementares de matemática. Os dados são da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), divulgada pelo governo federal nesta quinta-feira (17), com base em alunos que estavam no 3° ano do ensino fundamental no ano passado. Segundo o GDF, os números mostram "melhora no quadro" em relação ao ano anterior.
O levantamento do Ministério da Educação mede as capacidades de leitura, escrita e matemática dos estudantes e classifica os resultados em "níveis de adequação". Segundo o MEC, 12,66% das crianças que saíram da alfabetização em 2014 não sabiam ler frases – em 2013, eram 15,09%. Outros 46,88% só conseguiam identificar informações em textos curtos, percentual que não teve variação significativa entre um ano e outro.
Na avaliação de escrita, 23,19% dos alunos do DF tiveram desempenho "insatisfatório" em 2014. O número inclui os 6% que não conseguem escrever palavras, os 8,2% que trocam letras e não formam frases, e os 8,9% que constroem frases, mas não conseguem produzir um texto. O cálculo dessa área teve mudança de metodologia e, por isso, não permite comparação com 2013.
Desempenho
Os dados da avaliação de matemática são ainda mais preocupantes, de acordo com o levantamento. Segundo o MEC, 48,26% dos estudantes que concluíram o ciclo básico em 2014 não conseguiam efetuar cálculos simples, como "divisão em partes iguais com algarismos até 20" ou "adição com duas parcelas de até três algarismos". Entre um ano e outro, a redução nesse percentual foi mínima, de apenas 1,82%.
O levantamento do MEC também mostra que são poucos os alunos em estágio "bem avançado" de aprendizagem, na fase de alfabetização. As maiores faixas de pontuação foram atingidas por 29% dos alunos em matemática, por 12% em leitura e por apenas 7% em escrita.
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, antecipou na terça (17) que os resultados nacionais "não são uma história de sucesso". Segundo ele, o levantamento é importante para mostrar onde estão os problemas e ajudar os coordenadores de ensino a propor melhorias.
'Dentro do esperado'
O subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional do DF, Fábio Pereira de Sousa, diz que os resultados eram esperados e são considerados "satisfatórios". "Nós tivemos uma melhora em relação a 2013. É importante observar que diminuímos o número de alunos em nível 1 [a pior faixa] nas três avaliações, e melhoramos no nível 4, considerado satisfatório", afirma.
Sousa diz que o esperado para os alunos da rede pública é atingirem o "mínimo satisfatório" em cada avaliação. "Quando a gente soma os níveis 3 e 4, que eram considerados satisfatórios até 2013, temos mais de 50% em todas as provas. Não existe uma meta específica para a ANA, porque a gente trabalha com as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma coisa acaba influenciando a outra."
O subsecretário afirma que o GDF conseguiu completar os quadros de ensino e apoio pedagógico em todas as escolas, desde o meio do ano, e trabalha agora na expansão da educação integral e da qualificação dos profissionais. Para ele, essas medidas farão a diferença na avaliação dos próximos anos sem aumentar os custos do ensino.
"A formação continuada é feita pelos nossos próprios profissionais, que se afastaram para fazer mestrado ou doutorado e agora prestam essa contrapartida. No ensino integral, nossa dificuldade é espaço e alimentação. O espaço, estamos providenciando alternativas com outras secretarias, com o sistema S, com parceiros. A alimentação é com o governo federal: quando informamos que há ensino integral, recebemos o recurso correspondente", declara.
O subsecretário afirma que, em 2013, a educação integral atingia pouco mais de 2 mil alunos do terceiro ano do ensino fundamental, série onde foi aplicada a avaliação do MEC. Agora, ele diz que o número passou para quase 5 mil. A expansão do ensino integral, segundo Sousa, não será afetada pelas "políticas de austeridade" anunciadas pelo Palácio do Buriti nesta quarta.
Problemas externos
Com acompanhamento pedagógico, quadro completo de professores e média de 23 alunos por sala de aula, o gestor afirma que a maior barreira ao ensino dessas crianças não está dentro da escola. "O que falta realmente é uma parceria da sociedade, dos pais desses alunos, para não transmitir toda a responsabilidade para as instituições de ensino", diz Sousa.
Os números também são impactados negativamente, segundo ele, pela chegada de famílias de outros estados com crianças em idade escolar sem histórico de alfabetização. "São famílias que vêm pro DF com três, quatro crianças, pelo menos duas com atraso na educação, e a gente precisa ter uma atenção especial com essas famílias. É um desafio para a secretaria", afirma.
http://g1.globo.com/distrito-federal...r-diz-mec.html