Falta muito para atender à demanda
Brasília recebeu cerca de 40 mil pessoas para um evento da maior igreja evangélica do país, a Assembleia de Deus, e a cidade ficou saturada. Hoteis e restaurantes não deram conta de tamanha demanda. A questão é que o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha comporta 72 mil pessoas
A Copa das Confederações está chegando, em julho deste ano, e a Copa do Mundo de Futebol em 2014. Quase pronto mesmo, apenas o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. A obra é a prioridade do governo do Distrito Federal. E para ela não faltam recursos.
O Brasil espera receber de 600 mil a 1 milhão de turistas estrangeiros, e cerca de 3 milhões de turistas brasileiros, mas será que a capital federal está capacitada para atender tanta gente? É comum vermos reclamações de usuários em relação a ônibus lotados, engarrafamentos e hospitais cheios e isso comportando apenas sua população normal, de mais de dois milhões de pessoas. No entanto, apesar das críticas, o governo continua alegando que tudo está saindo como deve ser, que o Brasil, principalmente, o Distrito Federal dará conta de atender as expectativas do evento.
Fotos: Mary Leal
Esse foi o acampamento montado por pastores que participaram da 41ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral
A questão é que os brasilienses puderam presenciar na última semana, a 41ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) reuniu aproximadamente 40 mil pessoas, o que fez o centro de Brasília parar. Bastou uma reunião para mostrar que Brasília não está preparada para a Copa. Todos os participantes se alimentaram em estabelecimentos próximos ao Pavilhão do Parque da Cidade, como as asas Sul e Norte, Setor de Indústrias Gráficas, Sudoeste e Cruzeiro. Quem frequenta a região percebeu que ficou intransitável. Em qualquer restaurante ou lanchonete que se ia, não encontrava mais lugar ou teria que enfrentar filas enormes.
O mesmo aconteceu com a rede hoteleira. Apesar de muitos pastores terem acampado com suas famílias no próprio parque, muitos escolheram se hospedar em hotéis próximos, o que causou outro caos. Resultado: não houve vagas para todos. A população começa a se perguntar o que está sendo feito para acolher tanta gente na Copa do Mundo, apenas o Estádio Nacional? A maior publicidade usada pelo governo é essa. Mas não se escuta falar de vagas em hotéis, de aumento no número de restaurantes, entre outros.
Fotos: Mary Leal
Aproximadamente 40 mil pessoas participaram do evento que tumultuou o centro da capital federal por uma semana
Foto: Lula Lopes / Cedoc
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha parece ser a única prioridade do governo para atender a demanda da Copa
“Eu acho que o DF não está preparado, não vi nada de novo acontecendo. Só tem os novos ônibus, que alguns devem começar a circular em junho, mas, mesmo assim, não são todos. O resto está tudo igual. É triste dizer isso, mas acho que vamos passar vergonha”, comentou o estudante Rafael Paiva.
Para Geiciane Dutra da Costa, Brasília corre o risco de passar uma vergonha na Copa de 2014. “Estou preocupada, pois no final das contas quem vai pagar a conta é o morador da cidade. Seremos sacrificados pois não temos infraestrutura nem para o nosso dia a dia, imagina para a multidão de pessoas que virá assistir os jogos”, lamenta.
Brasília carece de hospedagem
Um estudo realizado junto à Universidade de Brasília (UnB) mostra que a média é de 76% de 2ª a 5ª feira a ocupação na rede hoteleira do DF. Alguns meios de hospedagem alcançam 90% a 100% de ocupação durante a semana, enquanto a média nacional é de 61% a 80%. E com certeza, a demanda não atinge a capacidade de 72 mil pessoas. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Brasília possui 11 mil quartos em hotéis para 19 mil leitos.
Foto: Rúbio Guimarães / Cedoc
De acordo com ABIH, o Distrito Federal possui apenas 11 mil quartos em hotéis
Ainda de acordo com a associação, o setor está sem grandes perspectivas de faturamento com o mundial de futebol, mas que a rede hoteleira tem se preparado para receber os turistas estrangeiros. Essa preparação tem sido feita com revitalizações nos prédios e com o treinamento de funcionários.
Transporte
Outro problema para os brasilienses e os turistas é que o veículo leve sobre trilhos (VLT), cuja construção começou em 2009 e estava orçada em R$ 276,9 milhões, não vai sair do papel a tempo para atender à demanda. A obra foi paralisada em abril de 2011 pela Justiça do DF por suspeita de fraude na licitação. As obras foram retomadas, mas ficarão prontas apenas depois do Mundial. Um viaduto será construído entre a avenida W3 Sul e o Setor Policial.
No entanto, para tentar amenizar a situação, a Secretaria de Obras assinou o contrato com o consórcio Transoeste para desenvolver o projeto executivo do viaduto do VLT. A previsão é que o viaduto fique pronto em até 14 meses. O prazo para entregar a documentação exigida é de 30 dias.
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