Industrialização é a saída para o DF
As exportações estão em alta, mas especialistas apontam que trazer indústrias para a capital federal poderá ser a melhor saída para manter o ritmo de crescimento de Brasília e oferecer emprego a cerca de 200 mil pessoas na cidade
Dados divulgados recentemente mostram que a economia do Distrito Federal vai muito bem. Mas apontam, também, que algumas questões precisam ser superadas para que ela mantenha o ritmo de crescimento.
Um dos levantamentos divulgados está relacionado às exportações. Mesmo este não sendo o foco da economia local, os dados são bastante positivos. Levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e analisado pela Federação das Indústrias do DF (Fibra) indica que, no primeiro semestre deste ano, o Distrito Federal teve aumento de 51,2% nas exportações, em comparação com o mesmo período de 2011.

Para Apolinário Rebelo, para aumentar as exportações, Brasília deve investir na industrialização e aumentar a produção
Arábia Saudita, Estados Unidos, Portugal, Hong Kong, Líbia e Emirados Árabes Unidos são os principais compradores das mercadorias brasilienses. Três produtos respondem por 97,6% das exportações: frango, com 66, 43%; combustíveis, 27,07%, e soja, 4,19%. E a tendência, segundo especialistas, é crescer ainda mais, já que o principal parceiro comercial, a Arábia Saudita, esta fora da crise econômica. “O problema de seca nos Estados Unidos também tem colaborado para este aumento nas exportações”, diz o professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília, Carlos Alberto Ramos.
Segundo a Fibra, as exportações do DF têm aumentado devido, principalmente, ao crescimento da venda de produtos básicos, que são bens com pouca ou nenhuma transformação industrial. “Dentro da nossa pauta de produtos, o frango e a soja são os principais itens dessa cesta e, sozinhos, são responsáveis por 71,19% do saldo exportado pela capital. A comercialização desses bens no período que vai de janeiro a maio teve alta de 59% além disso, foi registrado ainda aumento de 40% nas operações especiais. Foi a união desses dois crescimentos que tornou o resultado do DF tão positivo mesmo com a instabilidade do cenário internacional”, diz a federação, por meio de assessoria de imprensa.
Para aumentar a variedade de produtos a serem exportados, seria necessário aumentar a planta produtiva do DF. Essa é a conclusão do subsecretário de Investimentos Estratégicos e Negócios Internacionais do DF, Apolinário Rebelo. “Precisamos industrializar o DF por que a única forma de transformar a unidade federativa capaz de exportar é ter planta produtiva para abastecer seu mercado interno, nacional e até mundial”, observa.
Porém, segundo a Fibra, “não há meios de se prever a entrada de novos produtos na pauta de exportação porque isso depende muito mais da empresa e sua capacidade produtiva do que da demanda externa, mas muitos produtos que estão presentes na pauta deste ano não apareceram nenhuma vez na do ano passado, como é o caso do algodão. Em contrapartida muitos produtos que foram vendidos no ano passado ainda não foram exportados em 2012. Isso demonstra a rotatividade das vendas do DF, apesar da concentração da pauta exportadora”, diz a Fibra.
Mesmo assim, segundo a Fibra, a tendência é que as exportações continuem a crescer. “A principal razão para essa expectativa é a localização geográfica dos principais parceiros comerciais do DF. Com o quadro atual, o único fator que pode interferir no crescimento das exportações é a diminuição do consumo interno nesses países e isso causaria apenas a desaceleração do crescimento e não a queda propriamente dita”, diz a instituição.
Industrialização
Conforme observa Apolinário Rebelo, Brasília mais importa do que exporta. Para ele, é preciso aumentar a produção para importarmos menos e fazer circular recursos no DF, diminuindo, também os índices de desemprego. A industrialização seria um caminho.
Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Conselho Federal de Economia (Confecon) e pelo Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (Ibrase) aponta justamente para isso. Ela diz que investimentos em uma política industrializada podem alavancar a economia do Distrito Federal, de sua área metropolitana e do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia nos próximos 18 anos.
“A saída é desenvolver atividades industriais. Definir estratégias, investir na área de transporte e energia para que as indústrias venham”, explicou economista Júlio Miragaya, responsável pelo estudo. Ele apontou como uma das soluções a consolidação do Polo JK. “Antes é preciso que Brasília faça o seu dever de casa, não temos um grande polo em empresas privadas, por isso é preciso que o centro financeiro também seja um centro econômico”.
Além da ampliação do Polo JK, deve-se identificar e dotar de infraestrutura quatro ou cinco áreas no DF ou nos municípios metropolitanos, ao longo dos principais eixos viários para a instalação de grandes plantas industriais, aponta Júlio Miragaya.
Apolinário Rebelo aponta que a falta de industrialização no DF, inclusive, fez a capital federal crescer de forma desigual, quando comparada Brasília com as cidades ao seu redor. “Temos quase 200 mil desempregados, não há concurso público para todos e o setor de serviços precisa dessa essência do salário do serviço público para continuar empregando. Há de se pensar num projeto para atrair indústrias intensivas, de valor agregado e alta produtividade para enfrentar o problema do desemprego e deixar dinheiro em Brasília”, observa o subsecretário.
Apolinário lembra, ainda, que a viagem do governador Agnelo Queiroz à Ásia e à Europa poderá trazer essas indústrias ao DF. “Com a viagem ele pôde lidar de perto com todo o dinamismo da Ásia e parte da Europa e, a partir dessa experiência concreta, ele pôde ver quais empresas poderão produzir aqui", finaliza.
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