Entenda o cancelamento da Indy em Brasília
Juiz determina a suspensão de qualquer pagamento que tenha por finalidade a realização da etapa brasileira da Fórmula Indy no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília
Em comunicado oficial, a Band revela como foram as negociações com o governo do DF.
A Band garante a devolução do valor dos ingressos aos milhares de fãs da Indy que iriam assistir à Brasilia Indy 300. Todas as orientações sobre o ressarcimento estão no site da livepass. A emissora lamenta os transtornos causados aos aficionados pela categoria, uma das mais importantes do automobilismo mundial, e reitera sua surpresa com o cancelamento unilateral anunciado pela Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal)
ENTENDA O CASO:
Todos os entendimentos para a realização da prova ocorreram de forma pública e transparente, conforme descrito a seguir:
As negociações
Em novembro de 2013, a direção da Rede Bandeirantes foi procurada por representantes do governo do Distrito Federal e pelo então governador Agnelo Queiroz, interessados em levar a prova para Brasília. A Band, que já não era mais a responsável pela realização da corrida, teve que atuar junto aos promotores do evento nos Estados Unidos. Depois de algumas semanas o negócio ganhou forma. Todas as etapas que levaram à celebração do contrato foram públicas e aconteceram dentro de um ambiente de absoluta transparência.
Compromisso
O termo de compromisso, que deu início formal à relação, foi assinado por Agnelo Queiroz no dia 21 de março de 2014 em um evento público, em São Paulo. A assinatura foi testemunhada por centenas de pessoas. Entre elas estavam o ex-presidente Lula e várias autoridades do governo do Distrito Federal, que não se cansaram de enaltecer os termos do acordo. O fato foi amplamente divulgado pelos veículos do Grupo Bandeirantes, sites especializados e imprensa em geral.
Início dos trabalhos
Em maio de 2014, por ocasião da realização da Indy 500, o então governador Agnelo Queiroz, acompanhado por vários secretários, foi aos Estados Unidos em visita oficial e se reuniu com o governador de Indiana, o prefeito de Indianápolis e o presidente da Indy Car, confirmando seu compromisso internacionalmente.
Em setembro do ano passado, após seis meses de tratativas, como consequência do termo de compromisso, a Band assinou com a Terracap o contrato que teve a súmula publicada no Diário Oficial. Durante as negociações, todas as exigências do governo do Distrito Federal e da própria Terracap foram atendidas pela Band.
A partir de então, semanalmente, a emissora realizou reuniões técnicas para acompanhar o andamento dos trabalhos da pista. Todas as reuniões - devidamente registradas em atas - contaram com a participação de representantes do governo do DF, da Terracap e da Novacap, sem que qualquer problema fosse levantado. O autódromo de Brasília pertence à Terracap, que era a única responsável legal pela licitação para a reforma. Portanto, a Band não teve qualquer envolvimento, nem com a frustrada licitação, nem com as obras.
Compromisso reiterado pelo atual governo
Os entendimentos entre a Band e o novo governo começaram muito antes da posse. No fim de novembro, o atual governador, Rodrigo Rollemberg, ainda na condição de governador eleito, almoçou com a direção da Band e assegurou seu apoio à realização da corrida. Na ocasião, Rollemberg disse que conhecia o contrato e suas penalidades e que já tinha tomado a decisão de apoiar o evento. O governador eleito orientou, inclusive, seus assessores a procurarem a equipe de seu antecessor para comunicar o apoio e garantir agilidade nas providências.
Na segunda semana de janeiro, após a posse, o chefe da Casa Civil Hélio Doyle, falando em nome do governador Rodrigo Rollemberg, deu uma entrevista ao Jornal da Band onde garantia a posição do governo: "a realização da corrida de Fórmula Indy no dia 8 de março está garantida. O governador Rodrigo Rollemberg já havia se comprometido a dar sequência a esse contrato", afirmou. No período da realização da corrida, previam-se que pelo menos R$ 100 milhões deveriam circular em Brasília, fato que era comemorado por Doyle. "Um evento desse porte em qualquer cidade gera retorno e naturalmente movimenta a economia local", disse. O cronograma seguiu sem problemas.
A procuradora-geral do Distrito Federal, Paola Aires Correa Lima, apresentou em 13 de janeiro último um recurso ao Tribunal de Contas do DF pedindo o prosseguimento das obras. Segundo ela, o custo de realizar a prova é a melhor alternativa para o Distrito Federal. Ainda nesse recurso, a procuradora afirma que há dotação orçamentária e recursos financeiros para o cumprimento do contrato.
Nesta segunda-feira, a Band obteve acesso ao processo administrativo da Terracap correspondente ao contrato. Dele não constam qualquer fundamento legal que determine a suspensão da prova e o cancelamento da reforma da pista. Constam, sim, pareceres e deliberações atestando a legalidade do contrato.
Cancelamento unilateral
Alheio a tudo isso, à regularidade e à transparência do negócio, o Ministério Público resolveu recomendar ao Distrito Federal que se abstivesse de realizar qualquer ação que visasse à realização da corrida.
O governador Rodrigo Rolemberg, por meio da estatal Terracap, determinou o cancelamento da prova, sem qualquer pré-aviso e sem dar qualquer oportunidade de manifestação da Band, pondo a perder tudo aquilo que seria herdado pelo contribuinte do Distrito Federal. Agora, o autódromo de Brasília está demolido, sua pista está semiasfaltada e sem qualquer perspectiva futura. Além de gerar empregos e movimentar a economia local, o evento cancelado seria visto em cerca de 120 países. Um terço dos ingressos acabaram logo nas primeiras horas. As cerca de 15 mil pessoas que compraram o seu ingresso para a corrida e os treinos serão agora ressarcidas.
A Band está adotando as providências legais cabíveis, inclusive para ressarcir seus prejuízos. Agradecemos o apoio dos parceiros que, assim como a emissora, investem no esporte e acreditam na capacidade dos brasileiros de realizar grandes eventos.
Senador: "Cancelamento foi precipitado"
Para Cristovam Buarque a não realização da prova coloca Brasília em “lista negra” de eventos internacionais
Nesta sexta-feira, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) conversou com a rádio BandNews FM Brasília
e disse que a decisão do Governo do Distrito Federal, em cancelar a Brasília Indy 300, foi precipitada.
“Ele precisava ter conversado com as lideranças empresariais, do setor e com as entidades responsáveis, inclusive do exterior, antes de tomar esta decisão. Claro que é preciso colocar o salário dos servidores na frente de tudo, mas eu não acredito que a supressão deste evento trará nenhum fôlego maior”, disse.
Para o senador, o cancelamento da prova, que abriria a temporada 2015 da Fórmula Indy, coloca Brasília em uma espécie de lista negra de cidades que se candidatem a sediar eventos internacionais.
“A partir de uma decisão dessas, toda vez que o Distrito Federal se candidatar a um evento internacional, vai correr o risco de ser recusado pela falta da credibilidade. É o mesmo que acontece com um país que declara moratória na dívida, que não consegue mais empréstimos, pois os bancos desconfiam”, completou.
Cancelamento foi balde de água fria, diz Helinho
Vice-campeão da Fórmula Indy diz que sua primeira reação foi achar que se tratava de um mal-entendido
Oi pessoal, tudo bem? Tenho muita coisa para contar, mas não posso deixar de lado a notícia que pegou a todos nós de surpresa na quinta-feira passada, dia 29, quando foi anunciado o cancelamento da Brasília Indy 300. Confesso que a minha primeira reação foi achar que se tratava de um mal-entendido ou de uma brincadeira de mau gosto.
Estávamos todos nós, pilotos, cumprindo uma agenda de trabalho em Indianápolis, na sede da IndyCar, e em nenhum momento esse assunto foi ventilado. Eu só fiquei sabendo quando recebi um telefonema do Brasil. Obviamente que na hora não acreditei. Na verdade, eu torci para que fosse um engano, sei lá, mas não era.
Tudo aconteceu de maneira muito rápida e surpreendente. As notícias que a gente recebia, até então, era de que estava tudo indo muito bem. O governo do Distrito Federal estava reformando a pista e estava ficando muito legal, pelo que pude ver por fotos e vídeos. A Band estava trabalhando forte na promoção e a rápida venda de ingressos dava bem uma ideia do interesse do público pela nossa corrida. Aqui nos Estados Unidos não se falava em outra coisa e a IndyCar estava bem satisfeita com o andamento das coisas.
Eu falo pela Penske, mas tenho certeza que todas as equipes deveriam estar mais ou menos no mesmo ritmo da gente. De um lado, preparando todo o equipamento com data para embarcar para o Brasil. De outro, toda aquela logística necessária para uma viagem dessa natureza, incluindo tirar vistos para quem ainda não tinha.
Para ser honesto com vocês, não tenho nenhuma informação privilegiada, de bastidor, sobre o que gerou o cancelamento. Sei o que todos sabem pela imprensa e pelos comunicados oficiais. O que eu sei é que a Band fez o melhor que estava ao seu alcance, o governo estava cumprindo a sua parte reformando o Autódromo Internacional Nelson Piquet e a IndyCar trabalhando com afinco para abrir o campeonato no Brasil. Tudo isso, na verdade, é muito triste.
Mas realmente lamento pelos fãs. Desde a época do Rio de Janeiro, toda vez que a Indy veio para o Brasil foi acolhida de braços abertos. Em Brasília não seria diferente. E digo isso não somente porque cinco dos dez setores de arquibancadas estavam com as vendas esgotadas, mas também porque o meu pessoal aí no Brasil já estava correndo feito louco para conseguir atender aos pedidos que recebemos de familiares e amigos. Não tenho dúvidas, seria demais correr em Brasília.
Apesar desse balde de água fria, tenho certeza que a Band e a IndyCar estão fazendo o possível para resolver essa questão e estou otimista de que logo a gente vai ter boas notícias. Super abraço para todos e até semana que vem.
Prova que aconteceria no dia 8 de março em Brasília foi cancelada pelo Governo do Distrito Federal
Terracap cancela Indy em Brasília
• Video Link
O cancelamento da Brasília Indy 300 por parte da Terracap, a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, surpreendeu os fãs de automobilismo que já haviam comprado ingressos para a prova que aconteceria no dia 8 de março. O valor desembolsado nas entradas será devolvido pela organização da corrida. Siga as instruções abaixo para saber como conseguir o ressarcimento.
Clientes que adquiriram o ingresso pelo site oficial: o ressarcimento ocorrerá automaticamente por meio do cartão de crédito utilizado na compra. Não é necessário entrar em contato com a Livepass, basta identificar a devolução do valor na própria fatura.
Clientes que adquiriram o ingresso na bilheteria oficial: o valor será devolvido mediante entrega do bilhete entre 9 e 20 de fevereiro, no local da compra – Brasília Shopping; SCV, Quadra 5, Bloco A, Asa Norte; 2º Subsolo, Loja 1; segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo e feriados, das 14h às 20h.
Cliente que adquiriram o ingresso em bilheterias oficiais de outras cidades: é necessário entrar em contato com
sac@livepass.com.br e informar em qual ponto de venda o bilhete foi comprado. O ressarcimento será realizado após a devolução do ingresso pelo correio ou no ponto de venda indicado.
Entenda o caso
Na última quinta-feira, dia 29 de janeiro, a Terracap, Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, cancelou unilateralmente a realização da Brasília Indy 300, corrida que abriria a temporada da categoria de automobilismo no dia 8 de março. A decisão espantou os fãs do automobilismo, que esperavam ansiosamente a prova. O Grupo Bandeirantes de Comunicação havia sido contratado pela agência para a realização do evento.
JUIZ SUSPENDE QUALQUER PAGAMENTO PARA REALIZAÇÃO DA ETAPA BRASILEIRA DA FÓMULA INDY NO DF
O juiz substituto da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF determinou, liminarmente, a suspensão de todo e qualquer pagamento que tenha por finalidade a realização da etapa brasileira da Fórmula Indy no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília/DF.
A decisão foi dada na ação ajuizada pelo MPDFT com vistas à revogação do contrato nº 63/2014, realizado entre o GDF a Terracap e a Rádio e Televisão Bandeirantes. De acordo com o autor, o acordo foi assinado entre a Terracap e a Band após o então governador, Agnelo Queiroz, assinar com o mesmo veículo termo de compromisso com o objetivo de promover o turismo e a divulgação do DF. A contratação prevê a adoção de medidas administrativas e legais destinadas a viabilizar a realização da etapa brasileira da Fórmula Indy nos anos de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. Só para a edição deste ano, o GDF se comprometeu a repassar à Band U$ 15.898.369,00, divididos em 6 parcelas.
Ao deferir a liminar pleiteada pelo órgão ministerial, o juiz afirmou: “Identifico, na espécie, receio de dano irreparável ou de difícil reparação, seja diante do noticiado cancelamento do evento, divulgado pelos meios de comunicação, seja, principalmente, em função do quadro de recente, mas notória, paralisia administrativa, financeira e orçamentária instalado no DF, com reflexos sobre toda a sociedade, a exigir redobrados cuidados no trato da verba pública”.
Cabe recurso da decisão.
Processo: 2015011008813-6
http://esporte.band.uol.com.br/veloc...dy-em-brasilia