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Mais uma matéria desmentindo que a cidade é refem da renda dos funcionários públicos.

Renda maior na informalidade
Autor(es): Mariana Branco
Correio Braziliense - 29/09/2011

Trabalhadores com carteira assinada têm rendimento médio inferior ao dos autônomos e dos sem registro, fato inédito em BrasíliaNotíciaGráfico

Pela primeira vez em 19 anos, a renda de trabalhadores sem carteira assinada e de autônomos superou a dos formais. O dado está na Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF), realizada pela Companhia de Desenvolvimento do DF (Codeplan) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento, divulgado ontem, mostrou que em julho de 2011 o rendimento médio real dos assalariados com carteira foi de R$ 1.197. Já os assalariados informais e os autônomos ganharam, respectivamente, R$ 1.222 e R$ 1.314. O fenômeno é inédito em toda a série histórica da PED, que teve início em 1992.

Outra surpresa na pesquisa foi o recuo dos postos de trabalho formais e o avanço dos informais entre julho e agosto deste ano, na contramão do que vinha acontecendo nos últimos 12 meses. Na comparação mensal foram suprimidas 5 mil vagas com carteira (recuo de 1%) e criadas mil sem carteira (alta de 1,1%). Se tomada a variação frente a agosto do ano passado, foi constatado que o mercado do DF comportou-se de maneira oposta e mais de acordo com o movimento de formalização que impera em todo o país: criou 21 mil postos com carteira e suprimiu 11 mil sem carteira.

O economista Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Codeplan, acredita que ainda é cedo para saber as causas exatas das alterações. "Pode ser conjuntural", comenta. No entanto, ele levanta uma hipótese sobre a renda maior de quem está na informalidade face à do trabalhador formal. "Como está havendo formalização intensa, pode ser uma forma de o empregador compensar o fato de não assinar a carteira", suspeita.

Daniel Biagioni, sociólogo e analista do Dieese afirma que, apesar da atipicidade de agosto no que diz respeito à criação e à supressão de postos informais e formais, os trabalhadores com carteira continuam sendo maioria. "Atualmente, no DF, existem 521 mil contratados sob o regime celetista e 96 mil pessoas trabalhando sem carteira." A quantidade de autônomos, 160 mil, também é inferior à de funcionários formalizados.

Mais dinheiro
Para o autônomo Valdeni Basílio de Camargo, 41 anos, sair de um emprego com carteira e investir em um pequeno negócio de lavagem de carros, montado em uma quadra do Sudoeste, representou uma elevação da renda. Há um ano, ele trabalhava com carteira assinada como auxiliar de manutenção e limpeza de um prédio. Ganhava R$ 700. Acabou tendo que deixar a função porque a empresa, terceirizada, foi substituída. Então, teve a ideia de alugar de um conhecido uma perua com apetrechos para lavar veículos e trabalhar por conta própria. O ganho mensal varia, mas, de acordo com ele, costuma ser superior a R$ 1 mil.

"Além de ser melhor do que trabalhar para os outros, consigo tirar mais. Estou pagando INSS (a contribuição com o Instituto Nacional do Seguro Social) por fora. Para mim, é a mesma coisa que ser fichado. É daqui que tiro dinheiro para pagar meu aluguel e a pensão dos meus filhos", conta o morador de Planaltina.

O economista Carlos Alberto Ramos, professor da Universidade de Brasília, afirma que em um cenário de economia aquecida é comum a elevação da demanda por trabalho informal. É aberto espaço, por exemplo, para a oferta de serviços. Ele destaca ainda que as sucessivas altas do mínimo — que, de 2003 a 2011, subiu de R$ 240 para R$ 545, ou seja, 127% — podem ter contribuído de forma direta para a elevação de renda dos informais e autônomos detectada pela Codeplan e Dieese. O motivo é que o menor salário da economia funciona como uma espécie de indexador não oficial para esses trabalhadores. "Eles reajustam o preço de seus produtos e serviços quando o salário mínimo aumenta."

A PED-DF revelou que em agosto último a taxa de desemprego ficou em 12,3%, quase estável frente aos 12,4% registrados para julho. Os segmentos que criaram vagas no período foram indústria (4 mil postos), construção civil (2 mil) e administração pública (2 mil). No comércio houve retração, com 2 mil vagas a menos.

Estudo
A PED é realizada no DF e em mais seis regiões metropolitanas: Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. O Dieese também calcula a média nacional da taxa de desemprego. Em agosto, ela ficou em 10,9%, tendo recuado 0,1 ponto percentual frente a julho. Salvador teve a maior taxa, de 15,6%, e Belo Horizonte a menor, 7,6%.

Conferência trata do emprego decente
A Secretaria de Trabalho do DF, centrais sindicais e representantes do setor privado estão participando da I Conferência Distrital de Emprego e Trabalho Decente. O evento, que começou ontem e termina hoje, tem como principal objetivo debater igualdade de oportunidades e tratamento para todos, em especial para os grupos mais fragilizados dentro do mercado de trabalho, como negros e mulheres. A conferência será encerrada com a redação de um documento, que vai servir de base para as discussões da Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente marcada para 2012.

Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.b...=Bras%C3%ADlia
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