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Entre aviões e vitrines

O aumento da circulação de passageiros no aeroporto faz do endereço um competitivo centro de consumo


Viajantes fazem compras no Duty Free (Foto: Divulgação)

05.set.2014 13:36:41 | por Rafaela Lima

O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek tem sido associado a números superlativos nos últimos três meses. De acordo com a Inframérica, administradora do espaço, o terminal recebeu um investimento de 1,2 bilhão de reais em reforma e ampliação e fechou o primeiro semestre com uma soma de 8,6 milhões de passageiros — 13% a mais do que no mesmo período de 2013. Assim, tornou-se o segundo do Brasil em movimentação de viajantes e o maior centro de distribuição de rotas do país em conexões domésticas. Tal crescimento aumentou ainda mais o potencial do JK como mercado de produtos e serviços. Os pontos de varejo triplicaram depois das obras. Agora são 61, que comercializam desde salgados até massagens terapêuticas e préstimos de engraxate. “Nas áreas restritas, as ofertas aumentaram em número e qualidade. Nosso objetivo é oferecer variedade”, diz Daniel Ketchibachian, diretor comercial da Inframérica.


Dentro dessa meta, há empresas locais que cumprem com louvor o requisito, a exemplo da Bonelle, presente no terminal como restaurante, café, engraxataria e, em breve, barbearia. Mas o foco da administradora é diversificar também as marcas, inclusive propiciando espaço para redes estrangeiras. À tradicional importadora Duty Free se uniram lojas de conveniência da Hudson News e o restaurante de frutos do mar Red Lobster, ambos americanos. A primeira estreou no país inaugurando, entre abril e julho, três lojas no aeroporto da capital. O segundo — que já tem duas unidades em São Paulo — promete abrir no mesmo local, até o fim deste ano, um ponto com 500 metros quadrados e vista panorâmica.


Acima, uma das primeiras unidades da Hudson News no Brasil (Foto: Divulgação)


Tais novidades encantam passageiros daqui e de fora. “Esperar não é legal. Mas as cadeiras melhoraram e as opções de lugar para comer são muitas. Ninguém pode reclamar”, diz o estudante brasiliense Gabriel Lima, enquanto espera o voo para São Paulo. O empresário paulistano Mateus Fernandes, que viaja pelo menos uma vez por mês, conheceu o antes e o depois do JK durante suas inúmeras pontes aéreas. Desde a reestruturação, ele admite, faz de tudo para passar pelo aeroporto da capital. “Se pudesse, só faria conexão em Brasília.”


Considerando o número médio mensal de 1,6 milhão de passageiros do terminal, pode-se ter uma ideia do tamanho dessa clientela. Da mesma forma, é fácil entender por que os pontos comerciais são tão importantes para a administradora do sítio aeroportuário. De acordo com a Inframérica, eles representam até 40% do faturamento anual. “A proporção 60% por 40% é comum nos aeroportos, mas aqui podemos alcançar um equilíbrio. O setor comercial só aumenta”, afirma o diretor comercial da Inframérica, que administra também o entorno do aeroporto, onde ficam concessionárias, locadoras de veículos e o Concept Base Hotel.



O empresário interessado em explorar esse promissor terreno, contudo, não encontra um caminho fácil. Todas as empresas que chegaram lá mantêm com a Inframérica um contrato de confidencialidade que esconde a sete chaves os valores. Sabe-se, porém, que as cifras são altas. A marca de comida japonesa Koni Store conseguiu um lugar no Píer Norte, uma das novas áreas de embarque, por uma luva de 500 000 reais. “Trata-se de um espaço com fluxo intenso de pessoas, algo que fortalece a imagem da rede”, explica a assessoria da Koni, sem revelar outros números. De acordo com o brigadeiro Mauro José Gandra, presidente executivo da Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos Brasileiros (Ancab), os preços elevados são herança da Infraero, a antiga administradora. “A venda por licitação facilitava a prática de valores maiores, mas estamos mudando isso”, afirma.


A segunda dificuldade diz respeito aos requisitos exigidos para concessão de espaço pela Inframérica — sendo uma marca privada, ela não é obrigada a realizar licitações como fazia a Infraero. No atual processo, a empresa exibe a proposta, a administradora analisa e a negociação é direta. Entre os critérios observados, está a inexistência de conflitos com comércios já estabelecidos no local. Fechado o acordo, o comerciante deverá apresentar o projeto arquitetônico da loja à Inframérica. Uma vez aprovado, basta montar a estrutura, abrir as portas e usufruir esse polpudo mercado em que os clientes, quase literalmente, caem do céu.

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