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Old Posted Feb 10, 2015, 6:14 PM
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Polo JK, no DF, sofre com falta de investimentos e violência



Parque industrial foi criado há 20 anos para impulsionar economia do DF Empresários reclamam de assaltos e da falta de transporte e de energia.


Localizado em uma área de 472 hectares às margens da BR-040, o Polo de Desenvolvimento Juscelino Kubistchek, mais conhecido como Polo JK, em Santa Maria, é tido por moradores e empresários como a “menina dos olhos” da região. Com 25 indústrias de grande porte instaladas no local, como a farmacêutica União Química, refrigerante Cerradinho, a mexicana Bimbo, a multinacional de produtos alimentícios e de bebidas PepsiCo, a fornecedora de ovos Asa Alimentos e a Estação Aduaneira Porto Seco, o Polo JK gera 3 mil empregos e movimenta atividades comerciais com 258 empresas do DF. O impacto econômico para o DF atual é de aproximadamente 2% do PIB e de 20% para Santa Maria.

Concebido em 1994 para fomentar a indústria e impulsionar a economia da capital, o parque industrial enfrenta dificuldades comuns às regiões do DF, como alto índice de violência, ausência de investimentos por parte do governo e dificuldades no transporte público. Os problemas de infraestrutura são considerados preocupantes e enfrentados com recursos dos próprios empresários: algumas empresas asfaltaram a rua, improvisaram galerias para águas pluviais e investiram em geradores para reduzir os danos causados às máquinas por conta dos picos de luz.

Com o pequeno comércio pouco desenvolvido no local, os gestores afirmam ainda que precisaram investir em restaurantes próprios, já que não há opções de almoço para os funcionários, com exceção de alguns quiosques improvisados nas esquinas.

A falta de transporte coletivo também é um problema que dificulta a contratação de funcionários: sem ônibus que leve os trabalhadores das duas regiões do DF mais próximas diretamente ao polo, empresários afirmam que são obrigados a ter frota própria e, em muitos casos, a contratar funcionários de municípios goianos que fazem divisa com o parque, como Valparaíso e Novo Gama.

O presidente da associação das indústrias, Reinaldo Siqueira Campos, diz que os empresários estão sendo “pacientes” com o novo governo, mas que pretende apresentar uma série de reivindicações ao novo governador, Rodrigo Rollemberg, assim que acabar o carnaval. "Isso aqui foi feito para gerar empregos para o DF, mas a gente gera empregos para o Entorno, porque tem mais ônibus vindo de lá. É precário, mas tem.”

Pioneira na implantação da indústria farmacêutica no DF, a União Química se instalou no polo em 2009. A vinda para o DF foi estratégica, segundo o diretor de operações da empresa, André Bocnhia. “Além do Centro-Oeste ser um ponto de fácil distribuição para todo o país, outro ponto favorável é que é uma região com várias universidades e faculdades, o que faz com que tenhamos mão de obra especializada”, afirma. A proximidade com Anápolis, um dos grandes polos industriais farmacêuticos do país, também contou a favor.

Com mil empregados, a produção da indústria gira em torno de 10 milhões de cartuchos por ano. Para produzir essa grande quantidade de comprimidos, sachês, líquidos, pomadas, e cremes, a indústria investiu em maquinário pesado e de tecnologia avançada. As oscilações no fornecimento de energia elétrica no polo, no entanto, já foram responsáveis por danificar diversos equipamentos.

“Houve um tempo em que tivemos que operar 100% com geradores próprios por falta de abastecimento de energia elétrica na empresa”, diz Bochnia. “Hoje temos geradores que suportam a operação independente da energia que vem do polo, mas isso eleva muito o custo industrial da empresa, e energia é uma coisa muito básica. O gerador tem um custo enorme para operar. As empresas têm geradores muito mais por uma situação pontual do que por uma necessidade de ausência de energia.”

Foto: Isabella Formiga/G1

Galpão de 10 mil metros quadrados da atacadista Nova Amazonas, no Pólo JK



O gerente comercial da atacadista Nova Amazonas, Carlos Sena, também já enfrentou problemas por conta da falta de luz. Embora não trabalhe com maquinário pesado, tem um galpão de 10 mil metros quadrados com milhões de produtos que são carregados e descarregados diariamente com empilhadeiras movidas a bateria.

“Investimos em um gerador que mantém parte da iluminação e do sistema que usamos para fazer parte de separação”, diz. Se a bateria das máquinas acabar, no entanto, o serviço do dia é encerrado, atrasando o trabalho de toda uma semana. “Chega-se a esse absurdo, porque você está pagando pela energia elétrica. Esse tempo sem demanda de energia não vai ser descontado da sua fatura de luz”, diz.

“O problema é a qualidade de energia que chega", diz o gerente da União Química. "A energia utilizada não pode ter grandes variações de tensão, porque gera um impacto direto nos equipamentos industriais, que param de produzir por causa dessas variações e chegam a queimar e parar de funcionar, gerando custos adicionais de manutenção."

A atacadista goiana Nova Amazonas chegou ao polo em 2002, quando havia pouca infraestrutura no local. A empresa, que revende produtos de higiene, perfumaria, alimentação e de construção, abastecidos por mais de mil fornecedores, precisou asfaltar a pista em frente ao galpão e criar uma vala que funciona para desviar a água da chuva.

“Quando chove aqui parece um rio”, diz o gestor. “Por conta da grande quantidade de terrenos vazios no polo, desce muita água, pedra e sujeira. Não parece uma rua, parece um rio caudaloso.”

A contratação de funcionários é outro grave problema enfrentado pelos empresários. Com poucos ônibus, que circulam em horários restritos, muitas empresas optaram por comprar frota própria. “Um dos motivos da concepção do Polo JK era gerar emprego não só para Santa Maria, mas para o Entorno do Gama, Santa Maria, Valparaíso, até Luziânia. Mas não dá para contratar ninguém de noite daqui, porque não tem transporte coletivo, e o que tem é precário”, diz Sena.

Para carregar os caminhões para fazer entregas nas primeiras horas da manhã, o gerente precisa contratar 60 trabalhadores para o horário das 18h30 às 4h. Neste período, não há transporte público. Durante o dia, há micro-ônibus que circulam pelo polo, mas, segundo o gerente, os veículos atrasam com frequência e encerram as atividades às 18h.

“No dia, ficamos à mercê da empresa cumprir ou não o horário. Tem que contar com boa vontade do motorista. Se ele for embora pontualmente às 18h, o pessoal fica literalmente a pé. Para vir trabalhar, a mesma coisa.

Expediente começa às 8h, e não é raro para o pessoal chegar tarde”, diz.
Para buscar soluções junto ao governo para os problemas enfrentado no polo, os empresários criaram uma associação. Carlos Sena afirma que o grupo já formalizou reclamação na Secretaria de Mobilidade e chegou a se reunir com antigos operadores que faziam as linhas na região.

“Os supervisores [das empresas de ônibus] nos disseram que no turno da noite havia a orientação de não parar nas paradas nesses pontos da BR por medo de assalto", disse.“Primeiro não tem [ônibus], e se passar não para. Agora tem o receio de ser assaltado”, diz.

Foto: Isabella Formiga/G1

Mato alto em lotes vazios e ruas esburacas no Polo JK

Funcionários que não deixam o polo com transporte próprio da empresa são os mais expostos à violência. “Quem usa bicicleta, moto, ou carro invariavelmente desiste do emprego por problemas de segurança”, diz.

Os que são deixados nos bairros com transporte da empresa, também são vítimas. “Você deixa o funcionário na rua e ele tem que se deslocar um quilômetro para chegar a casa dele, existe probabilidade grande dele ser assaltado. Então as pessoas começam a desistir e não vêm mais trabalhar”, disse.

O gerente de operações da União Química afirma que, no último mês, dois funcionários foram assaltados enquanto esperavam o ônibus. A exemplo do que ocorre em muitas empresas, a companhia utiliza transporte próprio para levar e buscar os funcionários.

Assustados com o crescimento da violência na região, associados listaram as ocorrências de assaltos, furtos e sequestros-relâmpagos de dezembro a janeiro. No fim do ano passado, o corpo de uma professora foi encontrado em um dos lotes vazios do polo. O carro de um vendedor de churrasquinho foi roubado por dois homens armados e vigilantes relataram terem ajudado vítimas de sequestros-relâmpagos que são abandonadas no polo.

A iluminação precária e o mato alto não ajudam a diminuir a sensação de insegurança na região. Para o gerente da atacadista, a falta de estrutura afasta potenciais empresários de se instalarem no local. “Se tiver da forma como está aqui, não será atrativo. Então o empresário vai procurar uma estrutura que tenha asfalto, fornecimento de energia, água, os lotes capinados”, diz.

O GDF afirmou que estuda ampliar o polo industrial e que o Secretaria de Economia e Desenvolvimento Sustentável, Arthur Bernardes, determinou que os problemas de infraestrutura sejam sanados imediatamente, mas não informou as medidas que pretende tomar.

Em nota, o governo disse estar trabalhando em conjunto com os empresários para solucionar os problemas "de forma definitiva, evitando medidas paliativas que vinham sendo tomadas e que prejudicaram sobremaneira a atividade no setor." O GDF também afirmou que já pediu reforço da iluminação nos pontos mais críticos e roçagem de mato alto.













http://g1.globo.com/distrito-federal...violencia.html
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