E o nosso lazer?
E o nosso lazer?
Preocupados com a densidade demográfica da cidade, moradores de Águas Claras cobram melhorias para os espaços de lazer da RA
Gabriela Lobato
Considerado o maior canteiro de obras da América Latina, Águas Claras completa, em 2013, dez anos como Região Administrativa, e, como toda cidade em desenvolvimento, apresenta diversos problemas. O intuito da administração local é ocupar todos os espaços possíveis para construções na cidade. Atualmente a RA possui em torno de 700 prédios levantados, e cerca de 180 alvarás de construção. Além de sobrar mais espaço para construções, sobram também divergências entre a opinião dos moradores e de quem trabalha na gestão da cidade.
As reclamações são das mais diversas, destacando-se a falta de serviços básicos, como postos de saúde, escolas, e algumas melhorias para as opções de lazer. O temor de muitos habitantes de Águas Claras, que hoje chegam a 146 mil, e que discordam do crescimento desenfreado da cidade, é de que se perca a qualidade de vida que uma cidade bem estruturada pode oferecer no quesito lazer. Outros reclamam da demora para se implantar projetos já existentes na cidade, destacando-se o Parque Central.
Um Parque Urbano
Para o morador Edvaldo Mendonça, é preciso uma mobilização da população de Águas Claras, por meio de cada condomínio, com o intuito de pressionar responsáveis pela cidade a implantarem, o quanto antes, o Parque Central. O morador ainda reforça a necessidade de implantação do parque descrevendo o seu descontentamento com a situação da cidade. "Descaracterizada em seu planejamento inicial e, cada vez mais, assemelhando-se a uma selva de pedra". Diz Edvaldo.
Quando apresentadas algumas reclamações, o administrador Carlos Sidney Oliveira não demonstrou surpresa, alegando o conhecimento dos desejos dos habitantes, já que também se enquadra como morador da RA."É um dos grandes sonhos dos moradores de Águas Claras, e também é o meu, pois sou morador da cidade", diz sobre o Parque Central.
O projeto do parque urbano de Águas Claras, denominado Parque Central, está registrado numa área de 16 hectares e meio e, segundo a administração da cidade, a implantação da área custará em torno de 80 a 90 milhões de reais aos cofres públicos. O local terá espaços para esportes radicais, quadras esportivas, pista de patinação e uma área gastronômica. Mesmo existindo o projeto, a administração não faz previsões para o início da construção. Para o órgão gestor, isso demanda uma série de pesquisas e debates.
O administrador explica os processos para a realização de uma obra como a do Parque Central. Oliveira destaca que, além da necessidade de parcerias, não podemos nos esquecer dos aspectos legais do governo para que se possa firmar qualquer tipo de contrato. Ainda de acordo com o administrador, existem vários núcleos interessados que ainda apresentarão propostas a serem analisadas para que se viabilizem. Lembra, também, que o projeto passa pelo crivo do Governo e da Câmara. Contudo, Oliveira garante que a administração está trabalhando para a realização desse sonho. "O projeto já está pronto, porém estamos procurando a fórmula para implantá-lo". Afirma, ainda, que não existe prioridade num projeto dessa natureza.
O Parque Ecológico
O desejo de crescimento para o lazer de Águas Claras não para por aí. Moradores, que ainda esperam por espaços, como o previsto para o Parque Central, querem, também, melhorias nas áreas já existentes na cidade. Para o bancário Idovan Jorge de Figueiredo, 56, que reside em Águas Claras desde 2004, há pouco espaço na cidade para melhorar o lazer de seus moradores, acreditando que foram construídos prédios muito próximos uns dos outros. Idovan relata a observância dos moradores quanto a alguns feitos da administração: "Foram colocados muitos aparelhos de ginástica, a cidade está sendo melhorada, mas ainda não é o suficiente", afirma o morador. No mesmo relato, reclama sobre as enormes quantidades de mudas plantadas no Parque Ecológico de Águas Claras que, devido à seca, não chegam a crescer.
A administração, por sua vez, explica que o plantio das mudas é realizado de forma adequada ao tipo de reflorestamento necessário para a área, protegendo assim o acervo genético da flora e da fauna nativas da região, ou seja, do cerrado. Carlos Sidney Oliveira, o administrador, ressalva que as mudas foram plantadas há cerca de um mês, e que serão várias as tentativas de adaptá-las à terra, já que são o tipo de vegetação correta para a região. Destaca que tudo é supervisionado pelo Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), então responsável pelas obras de revitalização do Parque. No local foi inaugurado o Centro de Referência em Educação Ambiental direcionado aos estudantes do DF. Além disso, o Batalhão de Polícia Militar Ambiental já foi ativado no Parque.
Criado no ano de 2000, o Parque Ecológico de Águas Claras atende a uma população de cerca de 146 mil moradores.
Outras melhorias
Ainda de acordo com o órgão gestor da cidade, Águas Claras atualmente possui 43 praças; cada uma com suas características e vegetação próprias. Revela, também, que a administração estuda a arborização da cidade. Oliveira garante que a RA é forte pretendente a ser uma das melhores cidades do DF no quesito lazer. "Será o maior centro gastronômico do Distrito Federal", afirma o administrador referindo-se à construção de mais cinco restaurantes e do grande Coco Bambu numa área de 1.600 metrôs ². Para a administração, ficaram claras as insatisfações dos moradores. O órgão pede paciência e ressalta que uma cidade não se faz do dia para a noite. "Não é uma prioridade; é uma necessidade para vivência", afirma Oliveira sobre os projetos de lazer.
O administrador garante que Águas Claras caminha para ser a melhor RA do DF
É um absurdo o que estão demorando para implantar este Parque Central de Águas Claras. Enquanto a população não se reunir e organizar um ato isso não sairá...