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Old Posted Sep 20, 2011, 2:14 PM
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Paladar apurado no Planalto Central
Por Por Maria da Paz Trefaut, de São Paulo

Brasília, cidade que ostenta o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país, demorou a ser descoberta pela gastronomia. Durante décadas, o Piantella reinou absoluto como referência da boa mesa clássica e como ponto de encontro de articulações políticas. Mas se o momento atual é particularmente adverso para a imagem política da capital, o mesmo não se pode dizer da restauração. Aos 50 anos, comemorados no próximo mês de abril, a cidade é um dos mais promissores destinos para quem quer investir nos prazeres da comida e da bebida.

A inauguração do Shopping Iguatemi, prevista para o fim do mês, promove a chegada de três grifes ao Distrito Federal: Galeto´s, Gero e Nespresso. São empresas que já replicaram seus negócios em São Paulo e no Rio e identificaram, por pesquisas, o potencial crescente da capital. Fora do espectro do shopping e alguns meses depois, entre maio e junho, será a vez do restaurante português A Bela Sintra abrir suas portas na Asa Sul. A casa será a primeira fora de São Paulo.

Rio ou Brasília? Esse era o dilema de Carlos Bettencourt, proprietário do A Bela Sintra, sempre que pensava na melhor rota para se expandir. As prospecções mais recentes lhe mostraram que, em termos de restauração, Brasília é o lugar da hora. O aparecimento de um imóvel bem localizado na Asa Sul facilitou ainda mais a decisão.

Em plena reforma, Bettencourt conta que a nova casa será diferente da matriz apenas na arquitetura. A comida será exatamente a mesma. Como a área do restaurante é muito grande, terá salas privadas para 14 pessoas, todas decoradas de forma diferente, e um salão com 90 lugares. Preparado para os humores da vida política local, ele pretende garantir a privacidade de pequenos grupos, seja para "comemorar vitórias ou afogar derrotas".

Para implantar a casa será transferido o chef Francisco José Alves, o Chicão, um dos mais antigos, que assumirá a operação. Para ajudá-lo, também irá por alguns períodos a portuguesa Ilda Vinagre, que no ano passado trocou o Alentejo pela cozinha do A Bela Sintra. "Quero entender a cultura local, não apenas gastronomicamente. Temos a tendência de ver Brasília como centro de poder, mas ali há embaixadas, empresas e uma população que gera movimento frequente", diz Bettencourt.

O otimismo também move a abertura da Nespresso, que chegou ao Brasil em 2004 com planos tímidos de expansão e em Brasília vai inaugurar sua décima loja por aqui. Pelas pesquisas da grife suíça, a capital federal se beneficia de uma maré particularmente favorável: tem bom poder aquisitivo, desenvolvimento do mercado de luxo e crescimento do setor gastronômico. Fatores que, somados, configuram a existência de um público com dinheiro suficiente para aderir ao projeto Nespresso.

"Pelo que averiguamos, Brasília tem um mercado de alto nível com potencial para se tornar nos próximos cinco ou oito anos a segunda praça do país", adianta Martin Pereyra, diretor da Nespresso para o Brasil. Entre os integrantes confidenciais do clube Nespresso, 5% já são brasilienses. A partir de agora não terão mais o desconforto de ter que carregar na bagagem as pequenas cápsulas de café adquiridas nas lojas de São Paulo ou do Rio.

Da mesma maneira, a clientela já formada no Sudeste é um dos facilitadores do restaurante Gero, que representa a primeira experiência do grupo Fasano em Brasília. Projetado pelo arquiteto Isay Weinfeld, terá as características da casa carioca e, como ela, será adaptado ao local. A entrada será independente do shopping. O cardápio reproduzirá 80% dos pratos, com algumas inovações, sob a batuta do italiano Salvatore Loi. A exemplo das expansões anteriores, o Gero levará uma brigada de São Paulo para montar a equipe local.

A entrada externa, integrada ao paisagismo do shopping, será também característica do Galeto´s. Com um plano de crescimento meticulosamente estudado, a rede que já tem 12 casas entre São Paulo e Rio pretende dobrar de tamanho até 2012, com a abertura de três ao ano. A de Brasília será a primeira de 2010 e a maior de todas, com 400 lugares.

No pacote de expansão do Galeto´s estima-se que cada unidade custa por volta de R$ 3 milhões. Já o esquema operacional prevê a contratação no local de pessoas-chaves, que são trazidas a São Paulo para ser treinadas. São esses líderes, assim chamados, que depois ficam responsáveis pela contratação dos demais funcionários.

Como parte do movimento gastronômico que agita a capital federal, no próximo dia 19 acontecerá a segunda edição do Terra Madre Brasil, um encontro de chefs adeptos do "slow food". A estrela do evento será o fundador do movimento, o italiano Carlo Petrini, que participará de discussões sobre biodiversidade alimentar e preservação de tradições culinárias.

Diante de tantas novidades, os candangos comemoram. Alguns identificam os três últimos anos como um divisor de águas entre a cidade onde era difícil escolher uma mesa e aquela que oferece uma multiplicidade de opções. Seja nos shoppings, nas entrequadras ou às margens do lago, com vista para a ponte JK, não faltam lugares novos nem espaços tradicionais repaginados. Sinal de que a "quadra dos restaurantes", tal como foi concebida no projeto urbanístico de Lucio Costa, não deu conta do recado.

Fonte: http://www.valor.com.br/arquivo/8131...analto-central

Last edited by pesquisadorbrazil; Sep 27, 2011 at 3:42 PM.
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