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Old Posted Dec 27, 2013, 12:11 AM
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ATRASAR-AUTO


PRESTES A ENTRAR EM VIGOR, O PROGRAMA INOVAR-AUTO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA FOI QUESTIONADO PELAS MONTADORAS


Durante anos o governo discutiu uma política para a indústria automobilística. Finalmente, lançou em outubro de 2012 o programa chamado INOVAR-AUTO que consiste em um conjunto de incentivos à inovação tecnológica, entre outros objetivos, tais como o aumento do conteúdo local e a proteção frente às importações. Dentro de uma visão mais ampla (“Brasil Maior”), procura estimular a inovação tecnológica como parte da estratégia de desenvolvimento econômico – “Inovar para Crescer”.

Porém, entre a teoria e a prática, a distância parece ser enorme. O programa real do governo parece ser o “ATRASAR-AUTO”. Senão, vejamos.

Na última semana, tivemos a oportunidade de presenciar, na prática, essa ideia sendo colocada em cheque. Uma medida definida há mais de três anos referente à implementação obrigatória, em todos os veículos produzidos no país, dos “air bags” e dos freios ABS, itens essenciais para a segurança dos usuários dos veículos, deveria ser implementada a partir de 1º de janeiro de 2014.

Para a surpresa de muitos, há poucos dias, antes de sua entrada em vigor, essa medida foi questionada pela associação de empresas montadoras e por sindicatos de trabalhadores que pressionaram o governo para o seu adiamento. E estiveram a um passo de ter sucesso, pois o governo quase aceitou.

Que distância enorme entre os desejos e a realidade das políticas públicas! Quão paradoxal é a situação de, por um lado, a preocupação teórica em inovar e, de outro, a relutância em adotar, para a segurança dos usuários, componentes essenciais que já existem no mundo há mais de 30 anos, em medidas definidas há tempo mais do que suficiente para permitir a todos os atores envolvidos que se preparassem adequadamente.

Como é possível vacilar frente a uma medida tão essencial, definida há um tempo mais do que suficiente para permitir um ajuste a todas as empresas? Aliás, algumas delas há muito produzem no país todos os seus veículos com “air bags” e freios ABS, por iniciativa própria e respeito aos consumidores.

Os argumentos que foram apresentados, como o eventual aumento do desemprego ou o aumento dos preços, são totalmente infundados. O emprego da indústria depende essencialmente do vigor da produção local, e há inúmeras oportunidades de reduções de custos que eliminariam os maiores custos nos modelos que ainda não possuem esses itens de segurança.

Só a possibilidade dessa medida não ter entrado em vigor e a discussão em torno dela refletem a falta de consistência, coerência e de capacidade de planejamento da indústria e do governo.
Os impostos na cadeia automotiva continuam extremamente altos e inibem não apenas o consumo como também a modernização da indústria que deveria oferecer produtos cada vez melhores e mais modernos tecnologicamente. Sem recuperar a capacidade de exportação, o aumento previsto de capacidade produtiva e maior conteúdo local por si só não levarão a indústria brasileira a um novo patamar de competitividade.

Essa política acaba de ser questionada pela União Européia que apresentou queixa contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) por protecionismo comercial, reclamando que a política brasileira contraria os princípios multilaterais de comércio internacional, após várias rodadas de negociação.

Pior é que isso ocorre em um momento em que pequenos progressos na liberalização do comércio mundial estão sendo conquistados pela OMC dirigida por um brasileiro. Independente dos resultados dessas negociações, o fato é que politicas protecionistas acabam gerando uma indústria menos competitiva em médio e em longo prazos.

A indústria brasileira vem perdendo espaço nos mercados da América do Sul, onde teria vantagens naturais. E, mais ainda, nos mercados dos países desenvolvidos.

Continuamos atrasados tecnologicamente, com um indústria aquém de seu potencial e dos volumes de produção que já conquistou, por implementar politicas inconsistentes e contraditórias.

Não será por decretos, mesmo se eles fossem os mais adequados, que teremos uma indústria automobilística inovadora. E muito menos não garantindo itens essenciais para a segurança dos consumidores.

Poderemos ter uma indústria mais moderna e competitiva que não precisa nem ser inovadora ainda. Mas o episódio da discussão da obrigatoriedade dos “air bags” e freios ABS é mais um indicador de como se perde tempo, como se hesita em questões que deveriam ser superadas facilmente e como não se define, claramente, as prioridades e as ações para atingi-las.











http://epocanegocios.globo.com/Inspi...asar-auto.html
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