Ministro tentará manter Universíade no Brasil
Titular da pasta do Esporte espera apoio ao Lide Brasília para que a competição seja na capital
O ministro do Esporte, George Hilton, defendeu ontem uma conjugação de esforços dos setores público e privado para garantir a realização da Universídade de 2019, marcada para Brasília. A capital foi escolhida como sede das Olimpíadas Universitárias em 2013, na gestão de Agnelo Queiroz no Governo do Distrito Federal, mas o atual governador, Rodrigo Rollemberg, abriu mão do evento devido à frágil situação financeira do DF.
Embora a prioridade seja realizar o evento no campus da Universidade de Brasília (UnB), que receberia investimentos da ordem de R$ 500 milhões do Ministério da Educação para custear parte das reformas necessárias, George Hilton revelou que já trabalha com três alternativas, caso do GDF decida mesmo desistir da indicação: Rio de Janeiro, que sediará os Jogos Olímpicos de 2016, e cidades em São Paulo e Minas Gerais...
O ministro foi o convidado dos membros do LIDE BRASÍLIA para o almoço realizado hoje, no Hotel St. Paul Plaza. Saudado pelo presidente do grupo de empresários, Paulo Octavio, o ministro ouviu dele o pedido para que o governo federal agisse rapidamente, evitando perder a competição. “Todos os países e cidades que sediaram as Olimpíadas ou outras competições esportivas acabam auferindo imensos ganhos sociais e desportivos. Por isso, Brasília não pode perder a Universíade. Nós, do setor produtivo, vamos ao governador para pedir a competição. Ela ocorrerá em 2019, um prazo dilatado, e trará imensos benefícios à cidade”, destacou.
Idealizador do primeiro projeto olímpico brasileiro, que visava trazer os jogos de 2000 para Brasília e que acabou servindo de base para a vitoriosa candidatura do Rio-2016, Paulo Octavio destacou que o principal problema, o pagamento das taxas de realização do evento, na ordem de R$ 90 milhões, podem ser viabilizados com a alocação de recursos. “O GDF esperava arrecadar R$ 240 milhões com o IPVA, mas já conseguiu quase R$ 280 milhões. É preciso uma mobilização em torno da competição”, completou o presidente do LIDE BRASÍLIA.
Diante dos secretários de Esporte do DF, Leila Barros, e de Turismo, Jayme Recena, o ministro cobrou uma ação conjunta para evitar a perda da Universíade. “Nunca devemos achar que não há solução. Temos de convencer o governador que as dificuldades atuais não serão nada perto dos ganhos. O gestor não tem de enxergar a dificuldade, mas as oportunidades para vencer os desafios. O DF está preparado, sim, e os Ministérios do Esporte e o da Educação estão prontos para apoiar”, revelou o ministro, que visitará a Federação Internacional do Esporte Universitário (Fisu) para dizer que o Brasil não abre mão da Universíade.
Questionado por Paulo Octavio como pode ser a atuação do governo federal no caso, George Hilton revelou que o depósito que tinha de ser feito em dezembro, de cerca de R$ 90 milhões, para garantir a competição, pode ser parcelado, com o Ministério da Educação aportando recursos da ordem de até R$ 45 milhões. “É bom lembrar que a Fisu recebe a taxa e entrega os direitos de transmissão, e o estado pode recuperar isso de forma muito clara”, destacou. A Rede Record, inclusive, já manifestou interesse no evento. A possibilidade de parcelamento foi bem recebida pelo secretário Jayme Recena, que prometeu levar, em conjunto com a secretária Leila Barros, o pleito ao governador Rodrigo Rollemberg. Aos jornalistas, o ministro disse que viajará este mês à Lausanne, na Suíça, sede da entidade, para dizer que o Brasil não abre mão da competição, afirmando que, se o evento não for realizado em Brasília, já tem conversas com os governos do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Ao iniciar sua apresentação, o ministro George Hilton elogiou a defesa da Universíade em Brasília, feita por Paulo Octavio. “O bom de conversar com empresários é que eles são objetivos e pragmáticos. Eu espero que, um dia, o setor público tenha esta mesma agilidade”, destacou. “Só uma parceria estreita com o setor produtivo nos fará implantar o Sistema Nacional de Esportes e Lazer”, acrescentou, destacando um dos pilares do seu trabalho à frente da pasta.
Defensor do estado como regulador das atividades, o ministro disse que esse papel não deve impedir o desenvolvimento do País, destacando que as recentes parcerias público-privadas (PPPs) em eventos como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo deram um dinamismo maior, que deveria ser adotado em todas as esferas nacionais. Para o ministro, o Brasil vive um círculo virtuoso do esporte e é a hora de nos tornarmos uma potência desportiva, mas também trabalharmos contra o que definiu como problemas públicos.
“Fizemos um diagnóstico durante três anos no ministério e metade da população brasileira está vivendo no sedentarismo. Isso traz problemas de saúde e de segurança pública, especialmente em áreas carentes. Este é, também, um grande desafio para todos nós”, enfatizou. Geroge Hilton já definiu três pontos centrais de atuação: o futebol brasileiro; os jogos de 2016 e a implantação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer.
Para o futebol, o ministro revelou que amanhã (19 de março) o governo federal editará uma Medida Provisória que, além de proporcionar o refinanciamento da dívida dos clubes, estabelecerá práticas de governança para as entidades desportivas, o que levará à modernização do esporte nacional. “Vamos envolver CBF, federações e clubes. Há o sentimento de que a Copa do Mundo foi um sucesso, mas é preciso um legado desportivo. O resultado triste de Belo Horizonte (Brasil 1 x 7 Alemanha), o placar que vamos demorar a esquecer, mostrou que temos de ajudar os clubes, que hoje devem mais de R$ 4 bilhões”, afirmou.
George Hilton revelou ainda que os clubes o procuraram afirmando que, se não houvesse este pacto em torno do futebol, até a realização do Campeonato Brasileiro deste ano estava ameaçada. “Isso despertou em nós a necessidade do refinanciamento das dívidas, mas que também que era preciso dar um basta a esta situação, adotando contrapartidas como o fair-play financeiro e trabalhista, além de auditorias e outros mecanismos de gestão capazes de permitir que avancemos no esporte mais popular do País”, acrescentou.
Em relação aos Jogos Olímpicos de 2016, o ministro desenhou os planos para que o país figure entre os dez primeiros do quadro de medalhas e uma política de legado, que permitirá a afirmação do Brasil como potência desportiva. Para isso, estão sendo investidos mais de R$ 2 bilhões em estruturas de formação de atletas nas capitais e em 254 cidades do interior, além da concessão de bolsas para os desportistas, treinadores e equipes de suporte. George Hilton destacou que 60% destes recursos estão vindo da iniciativa privada. Por meio de parceiras e da Lei de Incentivo ao Esporte, que deve ser renovada e ter seus limites ampliados.
“O engajamento do empresariado é o estímulo para que o Sistema Nacional de Esporte e Lazer. Porque não será possível atender a toda a nação apenas com recursos orçamentários. É preciso a ajuda do setor produtivo para que tenhamos um conceito de espaços públicos de práticas desportiva, atendendo o esporte básico, o comunitário, o social e o de alto rendimento”, enfatizou.
O ministro revelou ainda que o Sistema Nacional de Esporte e Lazer vai exigir a volta das atividades físicas permanentes nas escolas, no contrafluxo do turno de aulas. No Ensino Médio, isso se dará junto aos clubes. “A parceira é fundamental. Precisamos de empresários e da sociedade civil. Isso fortalecerá até as famílias, já que a criança que pratica esportes é mais disciplinada e aprende a conviver melhor com as perdas e com a sociedade como um todo. Se não implantarmos esta política, em 2030 teremos um país de pessoas doentes, estressadas e violentas”, avaliou.
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