Muretas no Eixão: DER retoma proposta para tentar reduzir mortes
O modelo das barreiras que o DER defende é conhecido como New Jersey. Blocos de concreto de 85 cm de altura seriam instalados ao longo dos cerca de 14 quilômetros do Eixão. O corredor criado pelas muretas abrigaria um jardim com plantas espinhosas
Foto: Cadu Gomes/ObritoNews/Fato Online
O Eixão pode passar a ter muretas entre as duas mãos com o objetivo de evitar acidentes fatais
O diretor-geral do DER-DF (Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal), Henrique Luduvice, decidiu tirar da gaveta o projeto para a colocação de muretas de concreto no lugar dos tachões amarelos que hoje dividem as pistas do Eixo Rodoviário de Brasília, o Eixão (DF-002). O DER é o responsável pela rodovia.
Conforme Luduvice antecipou ao Fato Online, técnicos do órgão já concluíram a atualização do orçamento da proposta que se arrasta há mais de 15 anos: R$ 13,8 milhões. Daqui para frente, disse o diretor do DER, a proposta será discutida com outros representantes do governo local e com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
“As muretas no Eixão não são uma questão de opção ou de embelezamento ou não da cidade. Trata-se de segurança no trânsito”, defendeu Luduvice.
Nos últimos 10 anos, de acordo com dados do DER, o Eixão foi palco de 82 acidentes com morte. “As colisões frontais na rodovia são quase sempre fatais: esse é o principal problema”, sublinhou Luduvice.
Atropelamentos
Com a colocação das muretas, ainda no entender do diretor do DER, o número de atropelamentos também poderia ser reduzido. Atualmente, pontuou ele, 15% dos pedestres insistem em não utilizar as passagens subterrâneas.
O modelo das barreiras que o DER defende é conhecido como New Jersey. Blocos de concreto de 85cm de altura seriam instalados ao longo dos cerca de 14 quilômetros do Eixão. O corredor criado pelas muretas abrigaria um jardim com plantas espinhosas, justamente para evitar que pedestres atravessem a rodovia.
Próximo à Rodoviária do Plano Piloto, onde não existe a faixa central, haveria uma mureta única, sem jardim. O projeto original prevê, ainda, seis saídas de emergência, sendo três na Asa Sul e três na Asa Norte: esses intervalos poderiam ser usados por ambulâncias, carros da polícia e do Corpo de Bombeiros ou veículos à espera de guincho.
Em maio de 2008, a então superintendência do Iphan chegou a aprovar o projeto das muretas. “A preservação da vida se sobrepõe a qualquer coisa. Mas, se é possível preservar a vida e não desrespeitar o tombamento, como é o caso, melhor ainda”, sustentou, à época, o então responsável pelo Iphan local, Alfredo Gastal, que morreu em maio deste ano.
Tombamento
Para Maria Elisa Costa, filha do urbanista Lucio Costa, as barreiras de concreto no Eixão não ferem o tombamento. No entanto, ela acredita que, mais eficiente do que a intervenção pretendida, seria investir pesado em educação no trânsito e aplicar multas mais severas por excesso de velocidade.
O diretor do DER, Henrique Luduvice, insiste na defesa de que a construção das muretas é o ideal para acabar com as colisões frontais, sem a necessidade de reduzir o limite de velocidade na rodovia. “As muretas equacionariam boa parte dos problemas do Eixão, o que não exime o DER de fortalecer campanhas educativas”, afirmou.
O atual governo, comentou Luduvice, quer resgatar os valores da Paz no Trânsito, uma campanha de sucesso na Capital Federal na década de 1990. Na avaliação do diretor do DER, o projeto das muretas no Eixão está inserido nesse contexto.
Em nota, a atual superintendência do Iphan argumentou que “o assunto é muito polêmico e deve ser amplamente discutido para se chegar a uma boa solução”. O órgão, no entanto, se posiciona: “A implantação de muretas não seria a melhor solução, uma vez que dividiria a cidade e, certamente, não resolveria todos os problemas da rodovia”.
Foto: Cadu Gomes/ObritoNews/Fato Online
Motoristas podem, em breve, conviver com muretas separando as duas faixas do Eixão
http://fatoonline.com.br/conteudo/51...a&p=de&i=2&v=0