GOL consulta Cade para iniciar operação na Europa
Segundo executivo da companhia, operação com Air France/KLM terá modelo semelhante ao do acordo com a Delta
Além dos investimentos de US$ 100 milhões da Air France/KLM na companhia Gol Linhas Aéreas, como parte do acordo de aquisição de 1,5% da companhia brasileira, a aliança promete ser ampliada muito em breve, com a possibilidade de passageiros da GOL reservarem voos pelo corredor da Europa operado pela companhia franco-holandesa. A informação é de Ciro Camargo, chefe de Alianças da GOL, acrescentando que a companhia está em processo de consulta com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
O executivo conversou com a reportagem do Brasilturis Jornal, no belo terraço do espaço Delta Sky Club, do Terminal 4 do Aeroporto Internacional JFK, durante o evento “Power of Network”, coordenado por sua parceira Delta Airlines, na semana passada. Camargo acrescentou, aliás, que a operação bem-sucedida com a aérea norte-americana servirá de modelo para a estrutura conjunta com Air France/KLM para os destinos europeus. “Como ainda estamos consultando o Cade, não podemos adiantar detalhes, mas anunciaremos novidades muito em breve”, afirmou o executivo.
Camargo falou mais sobre as alianças na entrevista a seguir:
A Delta adquiriu 3% da GOL e ampliou o code-share para uma estrutura mais ampla em Brasil e EUA. Podemos esperar lado semelhante com Air France/KLM que adquiriu 1,5% da empresa?
Ainda está em análise do Cade, para o desenvolvimento do sistema para Europa, mas temos interesse em criar uma parceria estratégica no mesmo nível de sofisticação que temos hoje com a Delta.
Qual é a expectativa para a operação europeia?
Muito boa. Se olharmos hoje em dia para as companhias aéreas, é muito raro um caso em que uma empresa consegue ser boa em tudo. Você tem a aviação regional, doméstica e internacional. Combinar esses três segmentos é algo muito complicado no transporte aéreo. E o que a GOL deseja? Ser muito boa com voos domésticos e pan-regionais por América do Sul, EUA e Caribe - e que não conflitam com as operações com nossos Boeings 737. Para o resto das operações, nosso maior desejo é que tudo seja feito com parceiros estratégicos. Nos EUA, temos a Delta. E agora, na Europa, após aprovação no Cade, quem pode cuidar desse corredor para nós é o grupo Air France/KLM.
No Caribe, como funciona o apoio da Delta na operação na Republica dominicana?
As vendas da GOL na República Dominicana são realizadas pela equipe comercial da Delta e com nosso code-share. Temos o primeiro voo para Punta cana, mas o que é muito importante na ajuda da Delta são com os voos de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, que se encontram em Santo Domingo e, de lá, seguem para Orlando ou para Miami.
São então mais estratégicos para os destinos da Flórida?
Exatamente. Os nossos 737 não conseguem viajar diretamente para os EUA. Então precisam parar em algum ponto intermediário para um pouso técnico. Mas, nesse caso, Santo Domingo é também um destino interessante para ser vendido. E isso fazemos com a Delta, por ser um voo em code-share. Os americanos da Flórida podem comprar através dela o destino Santo Domingo que é então operado pela GOL. Eles compram a passagem pelo site da Delta, um voo com o número da companhia americana, mas que é operado pela GOL.
Como está a aceitação dos dois públicos - americano e brasileiro?
Muito boa. Essa operação é muito importante para nosso cliente do programa de fidelidade. Tem uma demanda muito grande de nosso cartão Smile para resgate de milhas para esses voos. Além disso, há maior utilização da aeronave, diminuindo os custos. E a operação nosajuda a consolidar essa parceria com a Delta. Tendo um apoio da segunda maior empresa aérea dos EUA, temos grande visibilidade. E essa visibilidade é fundamental para a Gol.
Em que nível chega essa operação conjunta com a Delta?
Com essa troca de experiências com a Delta, trabalhamos pela harmonização das malhas porque conseguimos sincronizar melhor os voos e também podemos vender os voos da Delta como fossem da Gol; ou seja, entrando no nosso sistema, o passageiro verá voos para Atlanta da GOL, que são operados na realidade pela americana. Isso traz de novo uma visibilidade muito grande de nosso “footprint” internacional porque a Gol quer continuar especialista naquilo que sempre fez muito bem – operar o Boeing 737.
Qualquer coisa além disso, foge ao nosso interesse, como os voos maiores. O que interessa para a GOL nesses voos de longo curso é que eles possam ser feitos com apoio de um parceiro estratégico. E a questão dos voos mais longos, não é só a aeronave, mas também os serviços. A Delta tem um tipo de serviços de excelente padrão, com reconhecimento internacional, que é do gosto do brasileiro, que é o tipo de serviço que ela gostaria de oferecer se operasse o longo percurso por conta própria.
E no Brasil, onde se reflete essa parceria de sucesso?
Do Brasil para os EUA, a Delta usa os Boeing 767-300 e 767-400 - Rio, Brasília e São Paulo. Voavam antes com os 757 e mudaram para 767 porque aumentou o número de passageiros justamente por causa de nossa parceria, e especialmente em Brasília. Lá, há uma demanda muito grande é hoje o aeroporto com o segundo maior movimento do Brasil. E se lá as conexões são boas, conseguimos direcionar mais passageiros para os voos para os EUA. Nossos departamentos de planejamento estão trabalhando juntos para facilitar as conexões em Brasília e esse trabalho tem sido tão bom que recentemente a Delta mudou para o 767, que traz esse diferencial que é a poltrona-cama flat-bed – um produto recente e muito bem aceito. E quando fazemos o nosso trabalho comercial conjunto, há um apelo muito grande nas contas corporativas. Portanto, é uma combinação do serviço incomparável da Delta, da cobertura da GOL e dos programas de milhas. A harmonização dessas três frentes para o público corporativo tem um apelo muito grande.
Fernando Porto
Brasilturis viajou a convite da Delta Airlines, com proteção April/Coris