Empreendedores do DF investem em sobrelojas de comércio para fugir de aluguéis caros
Locação chega a custar menos da metade do preço de loja térrea; inovação e espaços acolhedores são a aposta. Na Asa Norte, negócios com diferentes propostas têm agradado e fidelizado a clientela.
Foto: Quintal f/508/Divulgação
Café 'Quintal f/508' ocupa sobreloja de prédio comercial na Asa Norte, em Brasília; casa tem capacidade para até 20 pessoas
Para os brasilienses que se acostumaram a olhar as vitrines das lojas dos blocos comerciais do Plano Piloto, um aviso: desviem a visão um pouco mais para o alto. Com o objetivo de driblar os preços dos aluguéis dos imóveis e fugir da crise econômica, empreendedores da capital federal passaram a ocupar as sobrelojas dos edifícios, que costumam ser mais baratas que os espaços no térreo.
Sem fachadas de vidro ou placas chamativas, os estabelecimentos ganham visibilidade por meio das redes sociais. Para acessá-los, muitas vezes, é preciso acionar um interfone, subir escadas e percorrer corredores. Em ambientes de 30 a 40 metros quadrados, o cliente encontrará o produto que desejou na internet, vai poder beber um café e ainda bater um papo intimista com os vendedores.
A escolha pelos andares superiores dos blocos comerciais, para muitos comerciantes, representou uma alternativa aos valores cobrados pelas imobiliárias. “Hoje, pago R$ 2,5 mil por mês pelo aluguel e condomínio de duas salas. Se tivesse optado por uma loja no térreo, estaria desembolsando R$ 5 mil”, compara a empreendedora Isabela Pareja, que tem uma boutique na 309 Norte.
O Distrito Federal é a terceira unidade federativa do país com o metro quadrado mais caro para aluguel de imóveis, a R$ 29,51. O DF perde apenas para São Paulo, a R$ 35,29, e Rio de Janeiro, com R$ 34,50, segundo o Índice FipeZap de Locação, divulgado em abril deste ano.
A brasiliense Isabela Pareja, 32 anos, já foi dona de uma franquia em um shopping em Goiânia, mas a rotina e o custo para manter o negócio a levaram a fechar as portas. “Além do deslocamento até Goiás, só fechava a loja duas vezes ao ano. Trabalhava o dia inteiro”, lembra a empresária.
Decidida a levar a vida em um ritmo mais tranquilo, ela procurou um local na quadra próxima de sua casa para abrir uma nova loja. Após pesquisar, Isabela encontrou no primeiro andar de um dos blocos comerciais da 309 Norte duas salas que, hoje, permitem que a empreendedora saia para ao trabalho a pé, sem pesar o bolso. O estabelecimento foi inaugurado em junho deste ano.
“A dona me ofereceu um preço bacana. Além disso, aqui, a cliente tem o conforto de sentar, tomar um vinho, um café... É um espaço mais aconchegante.”
Foto: Letícia Carvalho/Divulgação
Arara da loja 'Isabela Pareja', em sobreloja de bloco comercial da 309 Norte, no DF
Na mesma quadra da boutique de Isabela, uma loja de lingeries e acessórios atraiu um movimento diferente para o primeiro andar do bloco D. Desde dezembro do ano passado, duas marcas da cidade que comercializavam os produtos apenas pelas redes sociais decidiram se unir para expor os produtos em um ponto físico da cidade.
“Sentimos falta de um ambiente que, além de acolher a ‘Enrosca Meu Pescoço’ e a ‘Lace It’ e receber nossas clientes, pudesse armazenar os produtos em estoque, além de trabalharmos juntas”, disse Luísa Peleja, uma das responsáveis pela marca de lingeries “Lace It”.
O espaço mais reservado encontrado na sobreloja transformou-se em aliado do negócio. A falta de vitrines voltadas para a rua trouxe mais conforto e discrição às clientes ao experimentar peças íntimas e adereços.
A dupla paga mensalmente pelo espaço cerca de R$ 1,5 mil. Elas projetam que caso tivessem optado por um aluguel de loja no térreo estariam gastando cerca de R$ 5 mil a cada mês.
“Para quem está começando, é muito difícil abrir uma loja assim, de cara. Os custos e impostos são infinitos. Salas assim são, de fato, uma boa fuga para não começar gastando muito e ir sentindo o mercado aos poucos.”
O preço do aluguel, no entanto, não deve ser a única variável levada em consideração para se abrir um negócio nesse caso, segundo acredita a gerente do “Quintal f/508”, Beatriz Chaves. Localizado no 1º andar de um bloco comercial da 413 norte, o espaço nasceu para atender à demanda dos alunos da escola de fotografia que funciona ao lado e é dos mesmos donos do “Quintal”.
O ambiente intimista chamou a atenção e o público cresceu ao longo de três anos de existência. Com capacidade para comportar até 20 pessoas, aos sábados a casa tem até lista de espera durante o brunch.
“
Aqui não é um local tão fácil de ser encontrado, mas proporcionamos uma experiência ao cliente. Tudo é pensado para que nosso visitante sinta-se em um local completamente diferente, muito mais aconchegante”, disse a gerente.
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